Ministro Padilha Anuncia Compra de Antídotos para Intoxicações por Metanol
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou no sábado, 4 de outubro de 2025, a compra de dois antídotos para tratar pessoas intoxicadas por metanol decorrentes da ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas. Essa medida visa combater um aumento preocupante nos casos de intoxicação.
O governo adquiriu 12.000 ampolas de etanol farmacêutico e 2.500 unidades de fomepizol. Os tratamentos estarão disponíveis nas redes pública e privada até o fim da próxima semana, conforme informado pelo Ministério da Saúde.
O fomepizol é reconhecido internacionalmente como referência no tratamento de intoxicações por metanol. A substância, que não possuía registro no Brasil, foi importada de forma emergencial, em parceria com um fabricante japonês. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também apoiou a operação.
O etanol farmacêutico é produzido no Brasil por laboratórios e farmácias de manipulação. O lote de 12.000 ampolas será somado a outras 4.300 já entregues ao Sistema Único de Saúde (SUS) por hospitais universitários federais.
Como Funcionam os Antídotos?
Quando ingerido, o metanol é metabolizado no fígado pela enzima álcool desidrogenase (ADH). Esse processo transforma o metanol em formaldeído e ácido fórmico, substâncias tóxicas que atacam o sistema nervoso central e o nervo óptico.
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O antídoto fomepizol impede a ação das enzimas do fígado, que transformam o metanol em substâncias mais perigosas. Ele se liga à ADH, bloqueando sua ação e impedindo a formação do ácido fórmico.
Já o etanol farmacêutico “ocupa” as enzimas que transformariam o metanol em substâncias tóxicas. Ele converte o metanol em acetaldeído e acetato, que são eliminados pelo organismo.
Quem Deve Tomar os Antídotos?
Os antídotos devem ser utilizados em casos de suspeita de intoxicação por metanol. Profissionais de saúde, em ambientes com monitoramento médico, são os responsáveis por aplicá-los.
A dose só pode ser fornecida mediante prescrição médica, mesmo que a confirmação do laboratório seja aguardada.
Brasil Registra 195 Casos de Intoxicação
O Ministério da Saúde informou que o Brasil possui 195 casos de intoxicação por metanol após a ingestão de bebidas alcoólicas, com 14 confirmados e 181 em investigação. As notificações foram enviadas pelos estados até as 16h para o Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs).
São Paulo lidera com 162 registros: 14 confirmados e 148 em investigação.
Há casos suspeitos em Pernambuco (11), Mato Grosso do Sul (5), Paraná (3), Bahia (2), Goiás (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso (1), Rondônia (1), Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Paraíba (1).
13 mortes foram registradas, sendo uma confirmada em São Paulo, três em Pernambuco e uma em Bahia e Mato Grosso do Sul.
Medidas Adicionais e Prevenção
Diante do aumento e da gravidade dos casos, o Ministério da Saúde orientou que os estados e municípios notifiquem imediatamente todas as suspeitas de intoxicação por metanol. A medida visa fortalecer a vigilância epidemiológica e garantir uma resposta rápida e eficaz.
Foi instalada uma sala de situação para monitorar os casos, com caráter extraordinário.
O Que é Metanol?
O metanol (álcool metílico – CH₃OH) é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, com odor semelhante à bebida alcoólica. É produzido industrialmente, principalmente a partir do gás natural, e é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas.
Dosagem e Efeitos
A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como cegueira. Os efeitos tardios incluem a formação de formaldeído e ácido fórmico, que causam acidose metabólica, um desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão.
Prevenção e Controle
Recomenda-se verificar a procedência das bebidas, desconfiar de preços muito baixos e não consumir produtos sem registro oficial. A fiscalização de órgãos governamentais e as análises laboratoriais são essenciais para garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos.