O Dia da Independência, que neste domingo (7) comemora os 203 anos da separação de Portugal, terá um confronto de versões entre o governo e a oposição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e grupos de esquerda organizam manifestações em favor da autonomia nacional, enquanto apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) direcionam as mobilizações à anulação dos envolvidos nos eventos de 8 de Janeiro, incluindo o próprio ex-chefe do Executivo, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na véspera do evento, Lula proferiu pronunciamento em âmbito nacional, manifestando críticas a interferências externas, sem mencionar especificamente os Estados Unidos. O petista declarou que o Brasil possui “um único dono: o povo brasileiro” e reiterou que o país não tolerará “ordens de quem quer que seja”. A fala representou uma reação ao presidente norte-americano Donald Trump, que estabeleceu tarifas sobre exportações brasileiras e anunciou possíveis novas sanções, alegando haver perseguição judicial contra Bolsonaro.
Os bolsonaristas retornam à Avenida Paulista com o lema “Reaja, Brasil: o medo acabou”, solicitando anistia aos condenados e investigados pela tentativa de golpe de 2022. O evento reunirá lideranças da oposição, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se consolidou como porta-voz da causa, além de Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC). A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também está esperada em São Paulo, enquanto Flávio Bolsonaro (PL-RJ) liderará manifestação no Rio.
Os organizadores esperam ultrapassar o público do último ato na Paulista, em agosto, quando aproximadamente 37 mil pessoas estiveram presentes, conforme dados da USP. O pastor Silas Malafaia, um dos articuladores principais, declara que a mobilização será “pela liberdade de expressão e pela anistia para todos”. A atuação de Tarcísio, que, com o apoio de diversas figuras e partidos importantes do Centrão, surgiu como opção a Bolsonaro na disputa presidencial, caso seu padrinho político não revirta a inelegibilidade.
Em outras localidades, grupos como Brasil Popular e Povo Sem Medo promovem o habitual “Grito dos Excluídos” em 40 cidades de 23 Estados, com o apoio de centrais sindicais. Os atos criticarão as políticas de Trump em relação ao Brasil, defenderão a democracia e se oporão à anistia. As manifestações também servirão como um teste de força política, pouco mais de um ano antes das eleições de 2026. Mesmo com o risco de ter menor adesão do que a oposição, o governo decidiu convocar a população a “não perder as ruas”.
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As motivações por trás dos protestos são o julgamento do STF sobre a tentativa de golpe, que começou no dia 2 e tem previsão de conclusão em 12 de setembro. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou a condenação de Bolsonaro e de outros sete réus pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado. As penas podem atingir 43 anos de prisão.
Em pronunciamento de 7 de Setembro, Lula denomina ‘traidores da pátria’ e afirma que o Brasil ‘não será colônia de ninguém’. Governo Lula almeja Tarcísio após o ‘namoro’ do governador com o Centrão.
Fonte por: Jovem Pan