Governo do PT busca judicializar “PL da Devastação” no STF

Governo do PT avalia contestar licenciamento ambiental no STF. Votação na Câmara vetou sete artigos do “PL da Devastação”. Ministério do Meio Ambiente, com Marina Silva, busca judicialização. Partidos como PSOL, Rede e PCdoB ingressarão com ação no STF

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(Imagem de reprodução da internet).

Revisão do Texto: Novo Licenciamento Ambiental

O governo federal, liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), está considerando contestar a aprovação do novo licenciamento ambiental no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorre após a Câmara dos Deputados ter vetado apenas sete artigos, todos relacionados ao Licenciamento Ambiental Especial (LAE).

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A votação, ocorrida na quinta-feira (27.nov.2025), representou uma reversão de decisões do ex-presidente Lula e retomou pontos centrais do projeto conhecido como “PL da Devastação”. O novo marco regulatório reintroduz o autolicenciamento para atividades de médio impacto, flexibiliza exigências para o agronegócio e permite que estados e municípios definam suas próprias regras de licenciamento.

A questão central, especialmente no Ministério do Meio Ambiente, com a participação da ministra Marina Silva (Rede), reside na possibilidade de judicialização. O governo, o Partido Socialista Brasileiro (PSOL), o Rede e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) são cotados para ingressar com uma ação no STF.

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A movimentação conta com o apoio de organizações socioambientais. A avaliação é que a judicialização é o único caminho para reverter trechos como a ampliação do autolicenciamento para empreendimentos de médio porte, já considerado inconstitucional pelo STF em outra ocasião.

Instrumentos Judiciais e Desafios

As opções legais para o governo, previstas em leis que regulam o controle de constitucionalidade (Lei 9.868 e Lei 9.882 de 1999), incluem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) – utilizada quando uma lei aprovada pelo Congresso viola a Constituição, sendo o instrumento mais comum; a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) – usada quando a lei afronta direitos constitucionais mais amplos, como o direito ao meio ambiente equilibrado ou à proteção de povos indígenas; e o Pedido de Liminar (medida cautelar).

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Em ambos os casos, o governo pode solicitar ao relator do caso no STF uma decisão provisória para suspender imediatamente os artigos questionados, mantendo os trechos suspensos até o julgamento final.

A articulação entre organizações ambientais e partidos políticos é fundamental para judicializar a questão. A rede de ONGs lidera a pressão para questionar pontos considerados inconstitucionais da nova legislação, que visa proteger direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais, além de evitar riscos de desmatamento em biomas sensíveis.

A advogada do Instituto Socioambiental (ISA), Alice Correia, afirma que o Congresso “concretizou a institucionalização do racismo ambiental”, e que, sem a judicialização, “não haverá outra saída”.

Crise Política e Desafios Ambientais

A votação expôs uma crise política entre o Planalto e o Senado, evidenciada pela escolha do presidente da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre (União-AP), para indicar Jorge Messias ao STF, em vez do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O governo tentou evitar a derrota com concessões, como a edição de um veto em agosto de 2025, proposto por Alcolumbre para acelerar o licenciamento de obras estratégicas, que beneficia o Amapá ao facilitar a exploração de petróleo na Margem Equatorial.

A liberação da perfuração na região às vésperas da COP30 também demonstra a complexidade da situação. A pressão por uma análise judicial da nova legislação é crescente, com o Observatório do Clima e a Avaaz apontando para a necessidade de proteger os direitos dos povos indígenas e quilombolas, além de garantir a conformidade com os compromissos climáticos do Brasil.

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