França enfrenta mais uma crise política

François Bayrou deixa de ter a confiança do parlamento e se torna o terceiro primeiro-ministro a renunciar em menos de um ano; ao mesmo tempo, Macron ob…

09/09/2025 9:43

3 min de leitura

Paris (France), 08/09/2025.- A woman stands next to a banner reading 'Macron, you're next' during a spontaneous rally following the rejection of the vote of confidence requested for Prime Minister François Bayou, in Montreuil, Paris, France, 08 September 2025. French Prime Minister Francois Bayrou has lost the vote of confidence after he activated Article 49.1 of the Constitution. (Francia) EFE/EPA/TERESA SUAREZ
Paris (France), 08/09/2025.- A woman stands next to a banner rea...

O sistema semipresidencialista na França sempre se mostrou com a forma de, com equilíbrio entre Executivo e Legislativo, dar maior legitimidade popular ao presidente da república e ao primeiro-ministro. Apesar de algumas anomalias, típicas da democracia, quando socialistas e conservadores tiveram que dividir o poder, o sistema se mostrou sólido e relativamente resistente às ondas tempestuosas de crises temporárias.

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Contudo, o último quarto da era Macron parece testar os limites da estabilidade do semipresidencialismo. A crise política na França, já profunda, tornou-se ainda mais dramática. Após apenas nove meses no cargo, o primeiro-ministro François Bayroux perdeu o voto de confiança na assembleia nacional. Com 364 votos contra e apenas 194 a favor, Bayroux se torna o quarto primeiro-ministro a cair em apenas dois anos de um instável segundo governo de Emmanuel Macron, evidenciando ainda mais a divisão, não só da sociedade francesa, mas do poder legislativo como um todo – que, formado por três grandes grupos que não dialogam, entrou em praticamente uma paralisia legislativa desde o início de 2024.

Os centristas aliados a Macron dependem pontualmente de grupos de esquerda e de direita para aprovar determinados projetos. Enquanto isso, os extremos, seja na esquerda com Mélenchon, seja na direita com Le Pen, observam o crescimento de suas intenções de voto.

As alternativas para o presidente Macron são escassas e podem aprofundar a fragmentação política e social na França. Sob o modelo semipresidencialista francês, Macron pode indicar um novo nome para a posição de primeiro-ministro e buscar o apoio das demais facções parlamentares em projetos específicos. Essa seria uma solução, pois consolidaria o terceiro governo minoritário na Assembleia Nacional e não alteraria o quadro de dificuldades legislativas.

A alternativa seria dissolver o parlamento e convocar novas eleições legislativas, buscando, por meio do voto, uma maioria de assentos que assegurasse maior estabilidade para os dois últimos anos de seu governo presidencial. Contudo, as pesquisas mais recentes mostram que o Ensemble, grupo político liderado por Macron, aparece com apenas 16%, sendo apenas a terceira força no cenário atual. Os mesmos levantamentos indicam que a ultradireita, do Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen, lidera com 33%. A Nova Frente Popular de esquerda pontua em 25%. Novas eleições legislativas, com vitória dos conservadores e até mesmo da chamada extrema-direita francesa, poderiam resultar em um governo de coalizão de um presidente centrista e um primeiro-ministro conservador, confirmando por mais dois anos a paralisia legislativa insustentável para os franceses.

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A terceira e última opção seria convocar eleições gerais antecipadamente, incluindo eleições presidenciais, considerando que as próximas estão previstas apenas para o primeiro semestre de 2027. Macron, que já venceu dois pleitos, não poderia concorrer novamente e, sem um sucessor claro, veria nesse cenário o seu legado comprometido. Considerando a atual conjuntura interna francesa com altos custos de vida, descontentamento na classe política e crescentes problemas com imigração ainda desregulada, além do cenário da política externa com indefinições dentro da Europa, é provável que o presidente francês não escolha essa rota.

O futuro da França é incerto e a mais recente crise demonstra aos seus rivais geopolíticos do Ocidente as crescentes dificuldades internas das grandes democracias mundiais. Apesar da escolha do presidente francês, as chances de uma vitória política para Macron são muito baixas.

Fonte por: Jovem Pan

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