Feira do Livro Periférico promove editoras independentes em SP e discute políticas públicas para a cultura
A programação no Sesc Consolação segue até o domingo (7) com aproximadamente 600 livros em exposição para o público.

A terceira edição da Feira do Livro Periférico, que se estende até domingo (7) no Sesc Consolação, na capital paulista, reúne 34 editoras, a grande maioria da região metropolitana de São Paulo, além de coletivos do Rio de Janeiro e Belém do Pará, e oferece cerca de 600 títulos à disposição do público. O evento é organizado pela Câmara Periférica do Livro e possui entrada gratuita.
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Segundo Eleilson Leite, coordenador da Área de Cultura da Ação Educativa, a feira oferece visibilidade a um movimento literário que emerge da tradição oral periférica e se consolida por meio de saraus, slams e batalhas de rima. “A literatura sempre esteve muito presente na periferia, de modo oral. Isso já remete ao próprio hip-hop, já desde os anos 90, uma vez que o rap é ritmo e poesia. Então a novidade foi as publicações”, indica, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Ele explica que “os coletivos que organizam os saraus e slams começaram a publicar por meio de editais, viabilizaram publicações, começaram a fazer antologias, e depois começaram a surgir autores individuais”. “De uns 15 anos para cá, eles próprios começaram a publicar”, celebra.
O programa de fim de semana celebra os 25 anos do livro Capa Preta, de Ferréz, com discussões sobre poesia, literatura fantástica, afrofuturismo e uma mesa sobre “o que é ser periférico e marginal na literatura brasileira”, conduzida pelo jornalista e escritor Xico Sã. O evento será encerrado com o Menor Slam do Mundo, coordenado por Daniel Minchoni.
A Feira do Livro Periférico 2025 é viabilizada diretamente pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Informação, Livro e Leitura. O evento ocorre das 10h às 21h, no sábado (6), e das 10h às 17h no domingo (7), no Sesc Consolação, na capital paulista.
Para Leite, a descentralização do mercado editorial segue um caminho semelhante ao da música, porém ainda enfrenta desafios. “Abrirão a possibilidade para os pequenos entrarem, mas as condições continuam muito difíceis. Vemos a chance de obter financiamento para criar redes de livrarias. Em uma cidade como São Paulo, onde 65% da população está nas periferias, não há uma livraria nessas áreas, então almejamos isso.”
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O coordenador considera crucial aumentar a compra governamental de livros. “Vender para o governo, seja municipal, estadual e federal, para as nossas editoras é fundamental porque dificilmente teremos uma presença de mercado em termos de livraria. É difícil disputar, é uma luta muito inglória. E acho que não é o caso. Nossas editoras também têm muita consciência de classe, sabem onde estão, e que determinadas disputas de mercado não são para nós. Vender para o governo é bom porque democratiza mesmo, não é retórico, chega nas pessoas”.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato