Feghali ataca piada de Tarcísio sobre Coca-Cola e metanol
Deputada relaciona declaração do governador à frase “não sou coveiro” utilizada por Bolsonaro durante a pandemia.

Deputada Jandira Feghali Reage à Comentário de Tarcísio Sobre Coca-Cola
Em 7 de outubro de 2025, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou publicamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o governador fazer uma brincadeira sobre começar a se preocupar apenas quando “começassem a falsificar Coca-Cola”. A declaração foi feita em sua conta no X (antigo Twitter).
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Na publicação, Jandira comparou a atitude de Tarcísio com a fala do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio, durante a pandemia de COVID-19, quando ele afirmou “não sou coveiro”. A deputada utilizou a comparação para reforçar sua crítica.
“O fruto realmente não cai longe do pé!”, afirmou Jandira, demonstrando sua indignação com a postura do governador.
Feghali declarou que a atitude de Tarcísio representa “a marca de um grupo político que pouco se importa com a vida das pessoas” e classificou como “inconcebível que alguém trate isso como piada ou desdém, enquanto vidas são ceifadas”.
Metanol e Intoxicação
Tarcísio fez a declaração durante um balanço das medidas para mitigar a crise de bebidas contaminadas com metanol. O Ministério da Saúde informou que o Brasil tem 217 casos sob suspeita de intoxicação por metanol, com 17 casos confirmados e 200 em investigação. São Paulo registra 15 casos confirmados e 164 em investigação.
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O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.
O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.
A ingestão de 4 mL a 10 mL de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 mL de metanol puro podem ser letais.
Efeitos no Organismo
O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica —um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:
- Respiração acelerada;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Dor abdominal persistente;
- Danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.
Diagnóstico e Tratamento
De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem. Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.
O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.
Risco da Adulteração
Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.
A ingestão, inalação ou contato prolongado com metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.
Prevenção e Controle
Para evitar intoxicações, recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.
A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.