Produtividade e Inovação no Coração do Cerrado Mineiro

A região do Cerrado Mineiro se destaca como um exemplo de produtividade, qualidade e rastreabilidade no cultivo do café. Esse desempenho notável, impulsionado por avanços tecnológicos nas lavouras, também é marcado por um movimento crescente: o protagonismo feminino na gestão das fazendas.

Segundo dados da Associação Internacional de Mulheres do Café (IWCA Brasil), 13,2% das propriedades cafeeiras brasileiras são lideradas por mulheres, abrangendo mais de 40 mil fazendas. Duas propriedades exemplificam essa transformação: a Fazenda Santana e a Fazenda Três Meninas, ambas localizadas em Monte Carmelo e Rio Paranaíba (MG).

Fazenda Santana: Herança e Resiliência no Campo

Rosilma Santana, filha de um dos pioneiros do café na região, cresceu imersa no universo da roça, auxiliando em tarefas manuais desde a infância. Seu pai iniciou sua jornada com atividades modestas, como a venda de galinhas, ovos e roupas, expandindo gradualmente suas operações até conquistar terras, máquinas e mais de 100 hectares cultivados, tornando-se um dos primeiros cooperados da Cooxupé.

Em 2021, a família enfrentou uma tragédia: a perda repentina de seus pais, vítimas da COVID-19. Rosilma e seus irmãos herdaram a propriedade, que passou a ser conhecida como Fazenda Santana, em homenagem aos pais.

Atualmente, a propriedade mantém 45 hectares de café arábica, operando como um negócio familiar. Rosilma assume a gestão financeira, enquanto seu marido e filhos se dedicam diretamente ao cultivo. Apesar da experiência prévia no campo, a nova fase exigiu um aprendizado rápido em áreas como planejamento, crédito e organização administrativa.

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A fazenda enfrentou desafios climáticos severos, incluindo geadas, estiagens prolongadas e granizo, resultando em três anos de perdas, mas a equipe está em processo de recuperação.

Fazenda Três Meninas: Inovação e Regeneração Ambiental

Em Monte Carmelo (MG), a cafeicultora Paula Curiacos lidera um modelo de produção que combina ciência, sustentabilidade e gestão profissional. Formada em Zootecnia, ela adquiriu a Fazenda Três Meninas em 2016, utilizando recursos próprios, e decidiu transformá-la em um laboratório de agricultura regenerativa.

O apoio do Sebrae foi crucial para estruturar a gestão, organizar processos, ampliar o posicionamento da marca e acessar novos mercados.

A propriedade adota práticas como o plantio de cobertura entre os cafezais, o uso de árvores nativas, a aplicação de bioinsumos e fertilizantes orgânicos, o reaproveitamento de água e energia solar, e a instalação de meliponários para polinização.

As abelhas nativas atuam como bioindicadores da saúde do ecossistema, podendo aumentar a produtividade em até 30%. Um córrego que atravessa a fazenda abastece mais de 7 mil pessoas, demonstrando a responsabilidade ambiental da produção. “Nós produzimos café, mas também água”, afirma Curiacos.

Reconhecimento e Sustentabilidade

A Fazenda Três Meninas recebeu certificações como Rainforest Alliance, Regenagri, Carbono Neutro e Certifica Minas, além do prêmio Mais Sustentável do Brasil (Globo Rural, 2024) e o segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios (Produtora Rural).

A propriedade mantém parcerias com universidades (UFU) e empresas (Nespresso), fornecendo cafés rastreáveis e de alto valor agregado. Paula Curiacos conquistou o segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, consolidando seu papel como produtora rural de destaque.

Enquanto a Fazenda Santana preserva a herança familiar e enfrenta os desafios da sucessão, a Fazenda Três Meninas constrói um modelo que integra gestão, ciência e regeneração ambiental no Cerrado Mineiro. Para conhecer mais sobre essas histórias, assista ao segundo episódio da série “Construindo Futuros”, uma produção do Sebrae em parceria com a EXAME.