A indústria da moda enfrenta um paradoxo complexo. Responsável por até 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, o setor ainda avança lentamente na divulgação de dados sobre seus impactos ambientais e sociais. Segundo Fernanda Simon, diretora executiva da Fashion Revolution, essa “omissão” deixou de ser apenas um problema reputacional e se tornou o maior risco para os negócios do setor. “Transparência deixou de ser discurso e virou condição de mercado”, afirmou em entrevista à EXAME.

Fernanda, formada em design de moda, percebeu na faculdade que o modelo tradicional da indústria, focado na venda de produtos sem diálogo com os limites planetários, era insustentável. O contato com a ciência a fez abrir os olhos para a urgência da crise climática, mudando sua rota profissional.

A inquietação a levou para o terceiro setor e, em 2008, para a Europa, onde teve contato com os primeiros movimentos de Slow Fashion, críticos à lógica dominante da indústria. De volta ao Brasil, fundou o Fashion Revolution, movimento global de ativismo que lidera há mais de duas décadas.

Atualmente, a empresa avalia que a transparência é essencial para o futuro do setor. A pesquisa da Fashion Revolution revelou que apenas 13% das marcas de vestuário divulgam informações sobre suas emissões de carbono. A empresa busca pressionar o setor a adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis.

Para a Fashion Revolution, a chave para o futuro da moda reside na transparência, circularidade e na transição justa. A empresa acredita que as marcas devem ser transparentes sobre suas cadeias de suprimentos, utilizar materiais sustentáveis e garantir condições de trabalho justas para seus funcionários.

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Em 2026, a mensagem da Fashion Revolution é clara: em um setor cada vez mais pressionado por clima, regulação e capital, marcas que não avançarem em transparência, circularidade e transição justa tendem a perder espaço. Na moda, como em outros segmentos da economia, o futuro será menos sobre volume e “escala”, e mais sobre valor.