O Projeto Cantinho Noturno, localizado na zona sul de São Paulo, teve que interromper suas atividades em decorrência do término do financiamento do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcade). Desenvolvida pela Associação Mais Viver, a iniciativa atendia 54 crianças dos bairros Jardim São Luiz e M’Boi Mirim, proporcionando acolhimento noturno para filhos de trabalhadores e trabalhadoras que atuam nesse período.

O projeto foi iniciado em setembro de 2023. Foi desenvolvido em parceria com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente para atender à necessidade de pais ou mães que trabalham em regime noturno e não dispõem de auxílio. Contudo, encerrou-se em 10 de setembro devido à falta de recursos financeiros para sua continuidade, conforme explica Marcos Bruno, presidente da instituição, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Ele afirma que 90% das beneficiárias são mães solteiras, que atualmente têm dificuldades para manter seus empregos. “Já tive mães que pediram demissão porque não têm com quem deixar [os filhos]. A equipe é treinada, tem a comida, nutricionista. Então, é uma coisa bem estruturada para atender essas crianças. E, quando perdeu [a verba], muitas mães já me comunicaram que vão deixar o emprego. Duas já deixaram e outras estão pensando em deixar”.

Bruno relata que a organização procurou o apoio do governo, porém ainda não recebeu resposta. “Na semana passada, constituímos uma instituição, eu, a diretora e uma mãe, representando todas as mães, participamos de uma reunião com a secretária [de Desenvolvimento Humano e Cidadania], Regina [Santana]. O vereador Alessandro Guedes também está tentando nos auxiliar. Contudo, até o momento, não houve retorno do poder público. E, infelizmente, esta semana devemos prosseguir com o processo de encerramento”, declara.

O presidente enfatiza o pedido por políticas públicas para assegurar esse tipo de atendimento em São Paulo. “Solicitamos ao poder público aprovar um orçamento no ano seguinte, que contenha recursos para abrir outras creches noturnas e atender outras mães solo e pais que trabalham durante a noite. É preciso observar essas crianças, observar essas mães solo para que elas possam se desenvolver, estudar, concluir sua faculdade, fazer seu curso de capacitação e sair dessa situação de vulnerabilidade que muitas delas vivem”, defende.

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A Prefeitura de São Paulo esclareceu que não houve encerramento ou interrupção dos serviços municipais, mas sim a finalização do prazo de execução de um projeto específico, em conformidade com a legislação. A gestão informou que o Projeto Cantinho Noturno foi financiado pelo Fumcad, por meio do edital de 2022, com investimento de R$ 2,5 milhões, para atender 54 crianças de 0 a 6 anos, no Jardim Ângela. “Todas as propostas do Fundo são complementares às políticas públicas e têm execução limitada ao período máximo de 24 meses, conforme o Decreto Municipal nº 54.799/2014”, explicou.

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Fonte por: Brasil de Fato