Censo 2022: Proporção de falantes de línguas indígenas cai para 28,5% da população.
Um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela um notável crescimento no número de falantes de línguas indígenas no Brasil. Segundo o Censo Demográfico de 2022 – Etnias e Línguas Indígenas, divulgado em 24 de setembro, o número de pessoas que utilizam essas línguas aumentou 47,7% entre 2010 e 2022, elevando-se de 293.853 para 433.980 indivíduos com 5 anos ou mais.
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Esse avanço demonstra um esforço contínuo na preservação e no fortalecimento da diversidade linguística do país.
Além do aumento geral no número de falantes, houve um crescimento significativo no uso de línguas indígenas fora das Terras Indígenas (TIs). Esse número mais que dobrou em 12 anos, passando de 44.590 para 96.685 falantes, representando um aumento de 52.095 pessoas.
Esse dado indica uma maior integração e utilização dessas línguas em contextos urbanos e em outras áreas do país.
Considerando os indivíduos com 2 anos ou mais de idade, o total de falantes em 2022 aumenta ainda mais, atingindo 474.856. Esse dado, que não foi mensurado em 2010, oferece uma visão mais completa da realidade linguística do país. A maioria desses falantes reside em Terras Indígenas (TIs), representando 78,34% do total.
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O Censo de 2022 identificou 295 línguas indígenas faladas, superando as 274 contabilizadas em 2010.
As maiores concentrações de falantes estão no Amazonas (137.421 pessoas), Mato Grosso do Sul (58.901) e Mato Grosso (42.511). Em 1.990 municípios, pelo menos uma pessoa indígena com 2 anos ou mais de idade fala língua indígena. A língua Tikúna foi a que registrou o maior quantitativo de pessoas indígenas falantes, com 51.978 pessoas, sendo 87,69% residentes dentro de TIs, seguida por Guarani Kaiowá com 38.658 falantes, a maioria residindo dentro de TIs (81,83%); e Guajajara com 29.212 pessoas, a maioria em TIs (90,43%).
Nheengatu é a língua indígena mais falada em áreas urbanas, com 13.070 falantes, 41,94% deles, em cidades.
O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, ressalta a importância de mapear onde estão esses falantes para que os municípios desenvolvam políticas públicas que reconhecem essas línguas, possibilitando mais acessos aos indígenas. “A oficialização das línguas faladas pelos povos indígenas contribui decisivamente para o acesso à cidadania e para o exercício de direitos, uma vez que facilita a tradução dos documentos formais e viabiliza a presença de intérpretes nos órgãos públicos”, afirma Damasco. “Quando a gente vê essa distribuição, ela aponta os municípios que são prioritários em termos de políticas de reconhecimento linguístico e de oficialização das línguas indígenas faladas”, acrescenta.
Fora das capitais, os destaques são São Gabriel da Cachoeira (AM), com 68 línguas indígenas; Altamira (PA); com 33; e Iranduba (AM), com 31. Em relação às línguas, a língua Tikúna foi a que registrou o maior quantitativo de pessoas indígenas falantes, com 51.978 pessoas, a língua Guarani Kaiowá com 38.658 falantes, a língua Guajajara com 29.212 pessoas.
Nheengatu é a língua indígena mais falada em áreas urbanas, com 13.070 falantes, 41,94% deles, em cidades.
Embora tenha aumentado em números absolutos, em relação à população total de indígenas, os falantes apresentaram uma queda em 12 anos. Em 2022, eles são 28,51% da população indígena, que é de cerca de 1,7 milhão de pessoas. Em 2010, os falantes de línguas indígenas representavam 37,35% do total dessa população, que era de cerca de 897 mil.
Fora das terras indígenas, o quantitativo de falantes mais que dobrou, passando de 44.590 para 96.685 falantes, um aumento da ordem de 52.095 pessoas. Mas, percentualmente, caiu de 12,67% para 9,78% do total da população indígena fora de TIs. Nas TIs, no entanto, o cenário é inverso.
O percentual aumentou. Os falantes de língua indígena passaram de 57,35%, em 2010, para 63,22%, em 2022.
Damasco ressalta que há um movimento de valorização e de resgate das línguas pelos próprios indígenas e que isso se reflete nos dados mensurados. “A gente sabe que na última década foram implementados muitos esforços em termos de garantir que os indígenas pudessem utilizar e reproduzir o uso das línguas, tanto por meio de políticas linguísticas, de educação na língua indígena, como também um movimento muito forte de resgate de uso das línguas indígenas, de valorização do uso da língua pelos próprios indígenas”, diz. Os dados divulgados mostram que houve um aumento dos falantes de português. Em 2022, 1.404.340 pessoas indígenas utilizavam o português no domicílio, o correspondente a 86,32% da população indígena do país. Nesses locais, houve uma variação de mais de 25 pontos percentuais. Já em 42
A educação e a alfabetização podem contribuir para o fortalecimento linguístico, mas ela não deve ser feita apenas em português, com o risco das línguas indígenas deixarem de ser faladas nos domicílios. “A alfabetização, se for feita de forma a simplesmente incentivar a substituição da língua indígena pelo português, pode ser absolutamente nociva.
Agora, quando ela é uma educação bilíngue ou uma educação na língua indígena, ela contribui muito para o fortalecimento linguístico”, defende.
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