Execução complexa no Aeroporto de Guarulhos: em 2024, Antônio Vinícius Gritzbach foi vítima de homicídio. Celso Araújo Sampaio de Novais também morreu. DHPP concluiu investigação de 4 meses, com 500 páginas e 8 indiciados
Há exato um ano, o aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do país, foi palco de uma execução em plena luz do dia. A vítima, Antônio Vinícius Gritzbach, foi morta a tiros no dia 8 de novembro de 2024, em um crime que chocou o país pela audácia e pelas conexões com o crime organizado.
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No dia da execução, Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, motorista de aplicativo, também foi atingido pelos tiros e não resistiu aos ferimentos. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu, em apenas quatro meses, uma investigação considerada uma das mais complexas dos últimos tempos.
O inquérito principal tem 500 páginas e detalha o papel de cada envolvido. Ao todo, oito pessoas foram indiciadas — seis por homicídio e duas por ajudarem na fuga dos executores.
Conhecido no meio empresarial, Gritzbach se apresentava como empresário do ramo imobiliário, mas também era investigado por lavagem de dinheiro para facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, usando a compra e venda de imóveis para movimentar valores ilícitos.
“Aqui, ele nunca foi chamado de faccionado”, afirma a diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo, que coordenou as investigações e participou de entrevista exclusiva com a Jovem Pan. Gritzbach colaborava com a Justiça e era considerado delator de integrantes do crime organizado — o que, segundo a polícia, teria motivado sua execução.
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O caso revelou a participação de 18 policiais militares, que se tornaram réus. Três deles, apontados como os executores do crime, foram pronunciados e irão a júri popular. Eles estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.
As investigações apontam Emílio Carlos Gongorra, o “Cigarreira”, de 44 anos, como mandante da execução. Integrante do Comando Vermelho, ele teria ordenado o assassinato por vingança pessoal. “Havia uma motivação pessoal e uma dívida milionária entre eles”, disse Ivalda Aleixo.
Policiais e peritos forenses atendem à cena de um tiroteio no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, em 8 de novembro de 2024 │Miguel Schincariol/AFP Cigarreira acreditava que Gritzbach havia mandado matar um comparsa conhecido como “Cara Preto”, em 2021, além de responsabilizá-lo por prejuízos em um esquema de lavagem de dinheiro e investimentos em criptomoedas.
O criminoso deixou São Paulo um dia antes do crime, em voo fretado a partir de Jundiaí, e se refugiou no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Ele e outros dois envolvidos seguem foragidos.
Outro ponto investigado é a origem de joias avaliadas em cerca de R$ 6 milhões, que Gritzbach tentava recuperar em uma negociação antes de ser morto. As peças haviam sido apreendidas e leiloadas judicialmente, mas voltaram à posse de um empresário identificado apenas como Pablo, que viajou para Dubai no mesmo dia do assassinato. “Outra questão que levantamos é a origem dessas joias e a ligação entre os envolvidos”, afirmou a diretora do DHPP.
Um segundo inquérito investiga se os seguranças de Gritzbach tiveram participação direta ou indireta no crime. “A gente precisa saber qual foi a participação efetiva deles naquele dia”, destacou a delegada Ivalda Aleixo.
A força-tarefa do DHPP analisou 6 terabytes de dados, 20 mil páginas de relatórios e 30 horas de imagens obtidas por meio de quebras de sigilo telefônico, telemático e bancário. Um ano depois “Foi uma das maiores operações de investigação de homicídio do Estado.
Em quatro meses, conseguimos esclarecer o caso principal, identificar mandantes e reunir provas robustas”, concluiu a delegada.
Um ano depois da execução, a Polícia Civil considera o caso principal esclarecido. Os executores estão presos, os mandantes foram identificados e as provas, consolidadas. As investigações seguem sob sigilo judicial, com foco na localização dos foragidos e na elucidação completa da cadeia criminosa.
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