Blecaute no Sistema Elétrico Nacional: Análise do Ex-Diretor do ONS
O ex-diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Carlos Ciocchi, trouxe novos pontos para a discussão sobre o recente blecaute que afetou o sistema elétrico nacional. A principal questão levantada é a falha no funcionamento do critério de segurança N-2, que deveria garantir a estabilidade do sistema em situações de crise.
O critério N-2 estabelece que o sistema elétrico deve ser capaz de suportar a perda simultânea de até dois elementos, como geradores ou linhas de transmissão, sem causar interrupções no fornecimento de energia aos consumidores. Em momentos de escassez hídrica e baixa disponibilidade de água nos reservatórios, a norma foi flexibilizada, adotando o critério N-1, que considerava a perda de apenas um elemento.
Luiz Carlos Ciocchi, em entrevista à CNN, explicou que, quando o critério de confiabilidade está operando corretamente, a perda de um ponto específico não causa instabilidade no sistema e passa praticamente despercebida pelos consumidores. Ele também questionou o desempenho do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) e a eficácia dos sistemas de contingência.
O ex-diretor-geral do ONS (2020-2024) espera a publicação de um Relatório de Análise de Perturbação (RAP) para identificar as causas do blecaute e evitar que episódios semelhantes ocorram no futuro. Esse relatório é um procedimento padrão em casos de interrupções no fornecimento de energia.
Em outra entrevista, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, classificou o incidente como um problema pontual de infraestrutura, ressaltando que não houve grandes danos ao sistema elétrico. Ele enfatizou que o sistema operou de forma programada, cortando um percentual da carga em estados vizinhos para evitar a instabilidade.