O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou na quarta-feira (13) a revogação de vistos para Mozart Júlio Tabosa Sales, atual Secretário para Atenção Especializada do Brasil, e para Alberto Kleiman, ex-alto funcionário do governo, devido à sua suposta “participação” em um programa que trouxe médicos cubanos para áreas remotas e carentes do país.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acusou Sales e Kleiman de serem responsáveis ou de participarem na “facilitação do esquema de Havana” que supostamente “explora profissionais de saúde cubanos através de trabalho forçado”.
O programa, lançado em 2013 durante o primeiro mandato de Alexandre Padilha como Ministro da Saúde, mobilizou milhares de médicos, a maioria de Cuba, para municípios, bairros e territórios indígenas com grave falta de profissionais de saúde. No auge de 2016, contava com 18 mil médicos atendendo quase 63 milhões de pessoas em 4 mil municípios.
Padilha, em seu X (anteriormente Twitter), defendeu o programa e os funcionários sancionados.
“Não nos curvará aos que perseguem as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das principais pessoas por trás deste programa durante meu primeiro mandato como Ministro da Saúde”, escreveu.
LEIA TAMBÉM!
A iniciativa foi criada por meio de um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi interrompida durante o governo de Jair Bolsonaro, que a classificou como “escravidão”. Em resposta, Cuba retirou seus médicos do Brasil em novembro de 2018, pouco antes de Bolsonaro assumir o cargo em janeiro de 2019.
O programa foi restabelecido sob a terceira administração do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Em apenas dois anos deste governo atual, dobrámos o número de médicos no programa. Estamos orgulhosos desta herança, que oferece assistência médica a milhões de brasileiros que anteriormente não tinham acesso a cuidados de saúde”, escreveu Padilha.
Também em X, o senador Humberto Costa, ministro da Saúde do Brasil de 2003 a 2005, durante o governo Lula, afirmou que o movimento dos EUA visava a própria ideia de saúde pública gratuita. “Enquanto este programa oferece assistência médica gratuita a milhões no Brasil, Trump persegue aqueles que o tornaram realidade”, escreveu.
O parlamentar de esquerda Guilherme Boulos também criticou as sanções dos EUA, classificando-as como um ataque a Brasil. “A audácia da trama bolsonarista contra o Brasil não tem limites. Agora Trump está punindo servidores públicos que ajudaram a executar um programa que deu acesso à saúde para milhões de brasileiros”, publicou.
Em colaboração com a AFP
Fonte por: Brasil de Fato