FBI reforça atuação na América do Sul com instalação e reacende debate sobre soberania regional. Leia no Poder360.
Em agosto, foi anunciado o estabelecimento de um novo centro de combate ao terrorismo no Paraguai. A unidade receberia treinamento, incluindo por agentes do FBI (Departamento Federal de Investigação dos EUA). De acordo com declarações de autoridades em Assunção, capital do país vizinho, o objetivo principal seria combater as ações do Hezbollah na Tríplice Fronteira.
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A medida se alinha com a política externa do presidente Santiago Peña (Partido Colorado, direita), que busca consolidar sua administração. Essa iniciativa ocorre em um momento de endurecimento das políticas dos Estados Unidos na América Latina e de retomada de discussões sobre a atuação de Washington no continente, seja por meio de presença direta ou indireta.
A justificativa para ações militares também se baseia na declaração do ex-presidente Donald Trump (Partido Republicano) durante seu mandato, que classificou diversos cartéis como organizações terroristas. Essa reclassificação direciona a abordagem, encarando essas questões não como problemas de ordem pública, mas como ameaças à segurança nacional, a serem combatidas de forma transnacional.
No período atual, o combate ao narcotráfico tem sido utilizada como justificativa para as ações militares dos Estados Unidos na Venezuela, incluindo um ataque a um barco no Caribe. Há acusações de que o presidente venezuelano Nicolás Maduro lidera o Cartel de los Soles, o que sustenta as ações dos Estados Unidos contra o governo venezuelano.
Adicionalmente, os Estados Unidos intensificaram as tensões com o México, reforçando as barreiras físicas no muro na fronteira e deslocando pessoal militar naquela zona, que foi considerada emergência nacional. Essa situação se insere em um contexto mais amplo de políticas conservadoras e repressivas contra a migração, inclusive dentro dos Estados Unidos, conforme observado pelo uso da Guarda Nacional em Los Angeles.
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As negociações recentes para instalar uma base militar estadunidense no sul da Argentina e no Equador representam um ponto de atenção. Ao longo de décadas, as Forças Armadas dos Estados Unidos implementaram bases sob seu controle direto na América Latina, como a Base de Guantánamo, na ilha de Cuba, além de cooperações com militares de outros países, evidenciado pelos acordos com a Colômbia.
Historicamente, houve intervenções na região, como em Cuba e no Haiti, no início do século XX.
A conjuntura contemporânea, incluindo o centro antiterrorista no Paraguai, coloca as forças estadunidenses mais próximas das fronteiras brasileiras. Isso gera preocupações históricas no Brasil sobre a manutenção da soberania e a resistência em permitir bases estrangeiras em seu território, visualizando um cenário de risco à segurança nacional.
A presença dos Estados Unidos perto do Brasil, em zonas como a Tríplice Fronteira, produz receio de que as ações poderiam transbordar e afetar o próprio Brasil. Além disso, desconstruiria a autonomia sul-americana construída ao longo das últimas décadas, inclusive com iniciativas como o Conselho de Defesa da Unasul.
Portanto, as incertezas e as instabilidades aumentam o risco e demandam ações que preservem a autonomia dos países sul-americanos.
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