EUA cancelam visto de Paula Coradi e Boulos critica decisão do governo
Consulado americano declara que jornalista seria inelegível para entrar no país, mas não detalha informações; Boulos defende colega.

Paula Coradi
A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, teve o visto americano revogado pelo governo de Donald Trump. A decisão foi comunicada nesta semana pelo consulado dos Estados Unidos em São Paulo, após trocas de e-mails com a dirigente partidária. A notificação se baseia na seção 221(i) da Lei de Imigração e Nacionalidade, que permite a revogação de vistos mesmo após a emissão.
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O órgão informou ter obtido informações que tornariam Coradi inelegível para entrar no país, mas não detalhou quais seriam elas. A dirigente expressou surpresa com a decisão, afirmando não ter antecedentes criminais nem envolvimento em atividades ilícitas.
Após apresentar explicações no prazo de três dias úteis, o consulado manteve o cancelamento do visto. Coradi havia obtido o documento em 2018, com validade de dez anos. Em agosto deste ano, após o extravio do passaporte, solicitou novo visto, com o qual viajou a uma convenção socialista em Chicago, um mês depois de retornar ao Brasil, foi informada da revogação.
O PSOL classificou a medida como uma “retaliação política” e manifestou solidariedade à sua presidente. “O partido reafirma seu compromisso com a defesa da democracia, da soberania nacional e contra as políticas arbitrárias de governos estrangeiros”, afirmou a legenda. Nas redes sociais, Coradi atribuiu o cancelamento a uma perseguição do governo Trump. “Não é um ataque pessoal, mas um ataque ao PSOL pelo nosso comprometimento com a soberania”, escreveu.
Lideranças do partido, como Guilherme Boulos, Ivan Valente e Talíria Petrone, saíram em defesa da dirigente e criticaram a medida, que classificaram como “autoritária” e parte de uma escalada de tensões políticas entre os Estados Unidos e setores da esquerda brasileira.
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Desde o início do governo Trump, Washington já cancelou vistos de autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e familiares de Alexandre Padilha, ministro da Saúde.
Nesta semana, o visto do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, também foi suspenso.
Para voltar a obter autorização de entrada nos EUA, Coradi terá de iniciar um novo processo regular. O consulado informou que não responderá a pedidos adicionais de revisão do caso.