Estudo global aponta que 46% dos ambientes aquáticos estão “sujos”. Pesquisa do IMar-Unifesp revela desigualdade na contaminação global e destaca papel de áreas protegidas
Um estudo abrangente, coordenado pelo pesquisador Ítalo Braga de Castro e liderado pelo doutorando Victor Vasques Ribeiro do IMar-Unifesp, revelou que 46% dos ambientes aquáticos do mundo estão classificados como “sujos” ou “extremamente sujos”.
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A pesquisa compilou dados de 6.049 registros de contaminação por lixo em ambientes aquáticos de todos os continentes ao longo da última década. O estudo utilizou a métrica CCI (Clean-Coast Index) para quantificar a densidade de resíduos sólidos em ambientes costeiros.
A análise identificou uma distribuição desigual do esforço de monitoramento. O Brasil se destacou como o país com o maior número de registros de contaminação no período. Apesar disso, os resultados indicam que cerca de 30% dos ambientes costeiros brasileiros foram considerados “sujos” ou “extremamente sujos” de acordo com a escala CCI.
Um caso crítico de contaminação se encontra próximo à cidade de São Paulo, nos manguezais de Santos. A síntese mundial da equipe mostrou uma homogeneidade surpreendente na composição do lixo, com plásticos e bitucas de cigarro representando quase 80% dos resíduos encontrados globalmente.
O estudo confirmou o papel positivo das áreas de proteção ambiental, demonstrando que a proteção reduz a contaminação em até 7 vezes. Cerca de metade das áreas protegidas investigadas foi classificada como “limpa” ou “muito limpa”. No entanto, a proteção não garante imunidade à contaminação.
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Cerca de 31% das áreas protegidas foram classificadas como “sujas” ou “extremamente sujas”, evidenciando a necessidade de políticas de amortecimento territorial e fiscalização.
Além disso, o estudo identificou o chamado “efeito de borda” nas fronteiras das unidades de conservação, onde o lixo se acumula nas beiradas devido a atividades humanas como turismo e urbanização. A pesquisa também cruzou dados de contaminação com indicadores socioeconômicos, revelando que a contaminação aumenta nos estágios iniciais de desenvolvimento econômico, mas começa a cair quando o país atinge determinado patamar de infraestrutura e governança ambiental.
O estudo oferece uma base científica inédita para subsidiar políticas públicas e negociações, como o Tratado Global do Plástico e o Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal. O artigo “Influence of protected areas and socioeconomic development on litter contamination: a global analysis” pode ser acessado em: .
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