Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu, ministro da Defesa, como primeiro-ministro
O quinto líder do governo desde 2024 assume o cargo na antecedência de um dia de manifestações fomentadas pelas redes sociais com o slogan “Vamos bloque…

O presidente da França, Emmanuel Macron, designou o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, como novo primeiro-ministro, com a complexa tarefa de obter a aprovação de um orçamento para 2026 e resolver a grave crise política. O quinto chefe de governo desde 2024 assume o cargo na véspera de um dia de manifestações fomentadas pelas redes sociais com o slogan “Vamos bloquear tudo” e três dias antes do reexame da avaliação de crédito da França.
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O Palácio do Eliseu, sede da Presidência, indicou em comunicado que Macron solicitou a Lecornu que “analise as forças políticas representadas no Parlamento com o objetivo de definir um orçamento para a nação e atingir os acordos fundamentais para as decisões dos próximos meses”.
Seus antecessores, o conservador Michel Barnier e o centrista François Bayroux, falharam justamente perante o Parlamento em suas tentativas de aprovar orçamentos, com nove meses de diferença. O último, na segunda-feira.
O presidente consulta um homem de confiança. O político de 39 anos liderou o ministério da Defesa por mais de três anos e é um dos poucos nomes de continuidade no governo da França desde a eleição de Macron em 2017.
A tarefa parece complexa. Após a antecipação eleitoral de 2024, que não obteve sucesso, a Assembleia Nacional – câmara baixa – encontra-se dividida em três grandes blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita, sem que haja maiorias estáveis.
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As reações políticas à nomeação refletem a dificuldade. “O presidente dispara o último cartucho do macronismo”, escreveu a líder de extrema direita Marine Le Pen na rede social X.
O esquerdista Jean-Luc Mélenchon acusou uma “tragicomédia de desprezo” e solicitou novamente a saída de Macron. Seu partido, A França Insubmissa (LFI), apresentou na terça-feira uma moção para destituí-lo, sem chances de aprovação.
Os partidos no governo manifestaram o interesse em “assentar acordos” com Lecornu, porém não obtêm maioria. Anteriormente à nomeação, o presidente solicitou que a oposição socialista se aproximasse. Contudo, os socialistas demandavam um “governo de esquerda”, como resultado da vitória nas eleições de 2024, com a revogação da reforma previdenciária de 2023 e o aumento de impostos sobre grandes fortunas, pontos considerados críticos pelo partido no poder.
Irradiar socialmente
O presidente assume o risco da legítima ira social e do bloqueio institucional, alertou o Partido Socialista após a nomeação de Lecornu, ao estimar que “sem justiça social, fiscal e ambiental” a crise vai continuar. A transferência de poder entre Bayrou, de 74 anos, e seu sucessor ocorrerá na quarta-feira ao meio-dia, em pleno dia de protestos organizados nas redes sociais, anunciou sua assessoria.
As autoridades temem que essas manifestações levem a um movimento semelhante ao dos “coletes amarelos” (2018-2019), que impactou o primeiro mandato de Macron. Uma paralisação generalizada também foi convocada pelos sindicatos para o dia 18 de setembro.
“Realmente sinto um grande cansaço. Observo o quanto o padrão de vida diminuiu, o quanto o Estado nos prejudica”, declarou à AFP Rose Tocqueville, uma estudante de 21 anos, em uma reunião na universidade de Jussieu, em Paris. As autoridades mobilizaram quase 80 mil policiais para os protestos de quarta-feira, que compreendem bloqueios de empresas, vias e instituições de ensino superior.
Sexta com risco.
A iniciativa foi o projeto de orçamento para 2026, que levou à queda de Bayroux. A então governante planejava cortes de 44 bilhões de euros (281,63 bilhões de reais) e a eliminação de dois feriados. Seu objetivo era equilibrar as contas públicas, que apresentaram um déficit de 5,8% do PIB em 2024 e uma dívida próxima de 114% em março, a maior da UE após Grécia e Itália. Lecornu deverá negociar agora outra proposta, também sob pressão dos mercados.
A dívida da França, com vencimento a 10 anos, ultrapassou o patamar da Itália, país historicamente criticado pelo controle fiscal. Além disso, a agência Fitch realizará na sexta-feira uma revisão da classificação da dívida soberana francesa. Em março, a agência manteve-a em AA- com perspectiva negativa, alertando que a rebaixaria caso não fosse implementado um “plano rigoroso” para diminuir a dívida no médio prazo.
Fonte por: Jovem Pan