Em dez aldeias Guarani no Rio Grande do Sul, a absorção de CO₂ da atmosfera superou as emissões

Projeto Ar, Água e Terra registra balanço positivo de 3.870 toneladas de dióxido de carbono.

12/08/2025 15:04

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Em dez aldeias Guarani no Rio Grande do Sul, a absorção de CO₂ da atmosfera superou as emissões
(Imagem de reprodução da internet).

Um projeto que abrange 10 aldeias Guarani e se estende por mais de 3 mil hectares nos biomas Pampa e Mata Atlântica, no Rio Grande do Sul, evidenciou, em estudo, que, ao longo de um ano, absorveu mais dióxido de carbono (CO2) da atmosfera do que emitiu. Dados constam no mais recente Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Projeto Ar, Água e Terra, elaborado pelo Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (Iecam) com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Realizado com base em metodologia internacional, conforme o Programa Brasileiro GHG Protocol e as normas ISO 14064-1 e 14064-2, o levantamento consolida os dados de emissões e reduções de gases de efeito estufa do primeiro ano de execução do 4º projeto, que terá duração total de três anos, com três inventários anuais (2024-2026). Em 2024, o total de emissões foi de 10,95 tCO2eq, com média mensal de 0,91 tCO2eq. As principais fontes de emissão estão associadas à emissão veicular, seguida de emissões relativas ao uso de adubo para as atividades de reflorestamento.

Em relação às reduções de emissões, o plantio em áreas reconvertidas ou recuperadas resultou na mitigação de 3,83 tCO₂ em 2024. Esse número pode chegar a 945 tCO₂ ao longo de 10 a 20 anos de projeto, considerando os 20,82 hectares de áreas reconvertidas e recuperadas. Nas áreas de preservação e conservação ambiental, que somam 3.145 hectares, a estimativa é de que 3.877 tCO₂ tenham sido capturadas ao longo do período analisado. A longo prazo (10-20 anos), o potencial acumulado pode atingir 42.096 tCO₂, graças à manutenção dos estratos florestais consolidados nas Terras Indígenas.

O Projeto Ar, Água e Terra obteve uma redução líquida total de 3.869,97 tCO₂e em 2024, decorrente da diferença entre as emissões líquidas consolidadas e as remoções líquidas por meio de reflorestamento e conservação.

Desde 2011, o projeto executa inventários anuais de GEE como instrumento de gestão ambiental, orientando decisões com base em dados concretos. Nas fases anteriores (2011-2013 e 2017-2019), as emissões médias ficaram em torno de 13 tCO₂e por ano, valor comparável ao de 2024. A prática sistemática assegura a consistência dos dados e demonstra a evolução das ações de mitigação ao longo do tempo.

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A coordenadora do Projeto e presidente do Iecam, Denise Wolf, afirma que o Inventário funciona como uma bússola, indicando os principais focos de emissão, orientando o planejamento de ações de mitigação e oferecendo credibilidade a parceiros, patrocinadora e à sociedade. Segundo ela, a ferramenta é ainda mais estratégica diante do agravamento da crise climática e das pressões regulatórias por metas de descarbonização.

Aldeias e regiões do RS que participam da 4ª fase do Projeto Ar, Água e Terra:

Segundo Wolf, nos próximos anos a perspectiva é ampliar ainda mais as áreas restauradas, fortalecer a integração entre o reflorestamento, as agroflorestas e a segurança alimentar, e aprofundar a articulação entre o conhecimento tradicional dos povos indígenas e as práticas ambientais contemporâneas. “O Projeto Ar, Água e Terra demonstra como uma ação local, com base técnica e enraizada na cultura, pode responder de forma concreta aos desafios globais da emergência climática”.

Fonte por: Brasil de Fato

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