Riscos da Cannabis para a Saúde Bucal: Uma Visão Detalhada

O uso de maconha apresenta riscos significativos para a saúde bucal, conforme revelam estudos recentes. A dentista Ellyce Clonan, especialista na área, consegue identificar sinais de que um paciente está sob efeito de drogas, como o cheiro e os olhos vermelhos, além da boca seca. “Alguns pacientes me dizem que tiveram tanto medo de ir ao dentista que precisaram vir chapados”, relata Clonan, professora assistente clínica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Buffalo, em Nova Iorque.

A situação expõe a falta de conscientização sobre os perigos do uso de cannabis para a saúde bucal, especialmente quando a prática é frequente. Um risco 55% maior de cáries e um risco 41% maior de perda dentária são apenas alguns dos resultados documentados.

Câncer Oral e a Cannabis: Uma Conexão Preocupante

Um estudo de julho, realizado na Califórnia, revelou que pessoas com transtorno por uso de cannabis, caracterizado pelo uso diário difícil de interromper, tinham mais de três vezes mais chances de desenvolver câncer de lábio e língua nos cinco anos seguintes.

O autor do estudo, Raphael Cuomo, cientista biomédico e professor de medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, atribui essa relação à exposição à cannabis, que suprime as respostas imunológicas nos tecidos da boca e do nariz, assim como acontece com a fumaça do tabaco.

A amônia, frequentemente adicionada ao tabaco para aumentar a absorção de nicotina, também é encontrada na fumaça da maconha em concentrações vinte vezes maiores. Cuomo explica que a maconha também apresenta níveis elevados de cianeto de hidrogênio e aminas aromáticas, substâncias potencialmente cancerígenas.

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Riscos Adicionais para o Paciente no Consultório

Além dos riscos bucais, o uso de maconha no momento da consulta dentária apresenta perigos adicionais. A cannabis pode afetar a resposta do corpo à anestesia, exigindo doses maiores e aumentando o risco de complicações e dor. O uso também dobra o risco de morte por doenças cardíacas, mesmo em pessoas jovens e saudáveis.

A pressão arterial e a frequência cardíaca aumentadas pela cannabis, combinadas com o uso de anestésicos locais com epinefrina, representam um risco significativo. Clonan enfatiza que a ansiedade causada pela cannabis pode agravar a situação, especialmente se a pressão arterial e a frequência cardíaca já estiverem elevadas.

A administração de qualquer tipo de anestesia em pessoas não sóbrias ou com uso abusivo de drogas é motivo de preocupação, devido à possibilidade de interações medicamentosas ou reações adversas.

Higiene Bucal e Comportamentos Associados

O uso de maconha também pode levar a comportamentos que contribuem para problemas bucais. Os usuários de cannabis frequentemente consomem carboidratos e alimentos com açúcar, aumentando o risco de cáries. Além disso, a maconha pode deixar as pessoas mais letárgicas e menos propensas a usar fio dental ou escovar os dentes regularmente.

A boca seca, que pode acompanhar o consumo de maconha, limita a capacidade de tamponamento da saliva, essencial para remover a placa bacteriana e os restos de comida da boca. Clonan ressalta que queremos que a boca esteja cheia de saliva, e não seca.

A conscientização sobre esses riscos é crucial, pois muitos pacientes desconhecem os perigos do uso de maconha antes de ir ao dentista. Até mesmo os profissionais da odontologia podem ficar sem saber o que estão fazendo. Clonan sugere que os dentistas adicionem perguntas sobre o uso de maconha aos questionários médicos que os pacientes preenchem durante a consulta inicial. “Queremos que você nos diga se usa [algum produto/serviço] para que sua visita ao consultório seja segura”, diz ela. “Também recomendamos que você tome precauções extras com seus dentes: escove os dentes duas vezes ao dia, beba mais água, consulte o dentista a cada seis meses, minimize o consumo de lanches entre as refeições e limite o consumo de açúcar.”