Risco Cardiovascular Aumenta com a Falta de Sono
Um estudo publicado no Journal of the American Heart Association revelou uma correlação significativa entre a qualidade do sono e o desenvolvimento de estágios avançados da Síndrome Cardiovascular-Renal-Metabólica (SCRM). A pesquisa, que analisou dados de mais de 10.000 adultos com idade média de 49 anos nos Estados Unidos, demonstra que a falta de sono pode ser um fator de risco independente para doenças cardíacas, renais e metabólicas. A SCRM, caracterizada por um conjunto de condições como obesidade, diabetes, doenças renais e cardiovasculares, afeta quase 90% da população americana, com 15% em fases mais graves.
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Índice de Qualidade do Sono
A pesquisa introduziu um novo índice de qualidade do sono, avaliando cinco parâmetros: duração do sono, dificuldade para adormecer, sonolência diurna excessiva, ronco frequente e noctúria (levantar-se várias vezes à noite para urinar). Cada um desses fatores foi pontuado como de baixo ou alto risco, resultando em uma escala que classificou os indivíduos em três grupos: alta, moderada ou baixa qualidade de sono. Pessoas com sono de alta qualidade apresentaram um risco 45% menor de estar nos estágios avançados da SCRM, enquanto aquelas com sono moderado eram 32% menos propensas a esse quadro. Indivíduos com sono ruim concentraram os casos mais graves.
Fatores de Risco e Impacto
A neurologista Leticia Azevedo Soster, especialista em Medicina do Sono do Einstein Hospital Israelita, alerta que “uma noite maldormida não é só reflexo de má saúde, mas também um fator de risco independente para hipertensão, diabetes, doenças renais e cardiovasculares”. Ela destaca que a apneia do sono, que está fortemente ligada à hipertensão, não é o principal determinante da doença, mas sim o sono ruim que torna o tratamento menos eficaz. Soster enfatiza que o tempo total de sono curto (menos de seis horas) aumenta o risco de diabetes tipo 2, obesidade e problemas cognitivos.
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Vulnerabilidades e Fatores Sociais
A análise por grupos populacionais revelou diferenças importantes. A associação entre boa qualidade do sono e menor risco de agravamento da SCRM foi mais forte em negros não hispânicos e asiáticos não hispânicos, sugerindo que vulnerabilidades sociais e genéticas podem intensificar o impacto do sono na progressão da doença. Consequentemente, intervenções de saúde pública focadas podem reduzir o problema. No Brasil, dezenas de milhões de pessoas dormem mal recorrentemente, segundo dados do IBGE, que revelam que 18,6% dos adultos relatam problemas para dormir. Fatores como longos deslocamentos urbanos, a baixa qualidade do transporte público e a violência urbana contribuem para a falta de sono, evidenciando que melhorar a qualidade do sono não é apenas uma questão de disciplina individual, mas também de mudanças estruturais.
Conclusão
A pesquisa ressalta a complexa relação entre sono e saúde, com implicações que vão além do indivíduo. A falta de sono, combinada com fatores sociais e ambientais, pode aumentar significativamente o risco de doenças crônicas, exigindo uma abordagem abrangente para a promoção da saúde e do bem-estar.
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