Deputados criticam carta do governador Ibaneis Rocha a Trump

Deputados criticam a ausência de postura enérgica do governador em relação a declarações equivocadas do presidente americano.

12/08/2025 18:35

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Deputados criticam carta do governador Ibaneis Rocha a Trump
(Imagem de reprodução da internet).

A carta do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF), ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta terça-feira (12), provocou indignação de parlamentares e moradores da cidade. A reação se deu um dia após Trump classificar Brasília como uma das capitais mais violentas do mundo, utilizando dados falsos e desatualizados sobre homicídios para justificar a intervenção federal na segurança na cidade de Washington D.C.

Em declaração realizada na segunda-feira (11), Donald Trump anunciou o envio de 800 membros da Guarda Nacional para a capital norte-americana e utilizou um gráfico para justificar a ação, comparando Washington a cidades como Bogotá, Bagdá, Cidade do Panamá e Brasília. No material apresentado, a taxa de homicídios no Distrito Federal foi apontada como 13 por 100 mil habitantes, número que não corresponde aos dados recentes.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, a taxa de homicídios em Brasília em 2024 foi de 6,9 por 100 mil habitantes. Em 2023, o índice foi de 12,3. Washington D.C., com população significativamente menor, registrou 39,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2023 e 27 em 2024. Trump declarou que a capital dos EUA “triplicava” a criminalidade de outras cidades, como Brasília.

Ibaneis Rocha, em carta a Trump, declara que os dados mencionados pelo ex-presidente são imprecisos e não correspondem à situação da capital brasileira. O governador também usou o documento para criticar o governo federal, alegando que a política externa de Lula danifica a reputação do país e gera uma visão negativa no exterior. A resposta gerou revolta entre a oposição no Congresso Nacional.

Para o deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF), a atitude de Ibaneis foi “absurda” e vista como um ato de submissão ao ex-presidente americano. Em comunicado, Magno declarou que, em vez de defender Brasília, o governador “fez uma opção política” e se associou a um discurso que considera ofensivo à soberania nacional. O parlamentar ainda criticou o fato de Ibaneis manter em seu governo Anderson Torres, ex-secretário de segurança que é réu por tentativa de golpe de Estado.

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Para ele, o ato simbolizou uma demonstração de obediência aos Estados Unidos e uma decisão política de abandonar o Distrito de Columbia e a população para se submeter aos interesses de um ditador. Magno criticou o governador por não defender a capital diante de uma acusação externa infundada e acusou Ibaneis de agir por motivações ideológicas.

O deputado Fábio Félix (Psol-DF), líder do Bloco Psol-PSB, também se manifestou. Ele classificou a carta como “vergonhosa” e disse que Ibaneis tenta transferir a responsabilidade para o governo federal, em vez de reagir de forma contundente à fala de Trump. “Ao contrário do tom oficial adotado pela Secretaria de Segurança, a declaração do presidente dos EUA não tem nada de positivo e precisa ser rejeitada com firmeza”, afirmou.

Félix acrescentou que o governador negligenciou seu papel institucional de proteger a imagem da capital que administra. “É inaceitável que o próprio governador da capital do país não defenda nossa cidade de forma firme e determinada”, concluiu.

Na sessão da câmara legislativa, que ocorreu hoje, o deputado Chico Vigilante (PT-DF) se manifestou sobre as declarações de Trump. Para ele, o presidente americano demonstrou falta de conhecimento sobre a realidade brasileira ao atacar a capital. “Não sabe o que é Brasília e veio falar de violência. Ele tem que respeitar nossa cidade, nosso país, nosso povo”, declarou o parlamentar. Chico ainda reiterou a importância de que as lideranças locais adotem uma postura firme e nacionalista diante de interferências externas.

A declaração de Ibaneis também teve reação negativa no governo federal. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, recordou que o Distrito Federal é amplamente financiado por recursos da União, sobretudo na área de segurança pública, com aproximadamente R$ 25 bilhões anuais destinados ao Fundo Constitucional e classificou a carta como “subserviente”.

“Entretanto, se o governador deseja distinguir sua política de segurança como de centro-direita, é importante lembrar que seu ex-secretário Anderson Torres e sete ex-comandantes da PM do Distrito Federal são réus na Ação Penal do golpe por omissão e cumplicidade nos ataques de 8 de janeiro”, ressaltou a ministra.

Até o presente momento, não houve nova manifestação por parte do governo dos Estados Unidos ou de representantes de Lula sobre o conteúdo da carta enviada por Ibaneis Rocha.

Fonte por: Brasil de Fato

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