Debate entre candidatos à presidência ocorre na Bolívia com pouca audiência; foco das campanhas em propostas econômicas

Apenas três dos oito candidatos a vaga participaram do encontro, com pouca votação.

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(Imagem de reprodução da internet).

Os jornais bolivianos de quarta-feira (13) noticiaram pouco o debate entre presidenciáveis, realizado na noite de terça-feira (12) e organizado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). De um total de oito candidatos, apenas três participaram do encontro, sendo eles Eduardo del Castillo, do MAS; Pavel Aracena, da Aliança Liberdade e Progresso; e Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão.

Samuel Doria Medina, da Aliança Unidade, e Jorge Quiroga Ramírez, da Aliança Livre, ambos de direita, não compareceram ao encontro. Andrónico Rodríguez, do Movimento Terceiro Sistema (MTS); Jhonny Fernández, do Solidariedade Unidade Cívica (UCS); e Pavel Aracena, da Aliança Liberdade e Progresso também se ausentaram.

Nancy Gutiérrez, diretora do tribunal eleitoral do país e defensora de uma lei que torna o debate obrigatório – ainda em tramitação no Legislativo –, lamentou publicamente a ausência dos cinco candidatos. A crítica foi também um recado político sobre transparência e disposição ao diálogo, já que os debates haviam sido acordados com antecedência, incluindo o primeiro, realizado em 1º de agosto, em Santa Cruz, com a participação de todos os candidatos.

Entre os três candidatos presentes, as propostas econômicas foram o foco da discussão. Del Castillo apresentou um plano com dois pilares, “dinheiro e vida”, que visa captar US$ 12 bilhões por meio de investimentos no agronegócio, mineração e hidrocarbonetos, destinando o excedente à exportação para aumentar as reservas internacionais. Aracena defendeu a realização de referendos em Oruro, Potosí e Santa Cruz para autorizar a venda de até 3% das reservas de lítio e terras raras, buscando arrecadar US$ 6 bilhões em 60 dias. Já Paz Pereira propôs um modelo de participação direta da população na renda dos recursos naturais, por meio de um mercado de capitais, o que permitiria uma renda individual vinculada à exploração dessas riquezas.

Andrônico Rodríguez, presidente do Senado e candidato do MAS, declarou que o voto nulo e o voto em branco nas eleições do próximo domingo (17) são parte de uma estratégia da “velha direita” para minar o processo eleitoral e beneficiar grupos conservadores. Em entrevista à imprensa, durante agenda de campanha na terça-feira (12), o presidenciável acusou diretamente adversários como Tuto Quiroga e Samuel Doria Medina de promoverem essa atitude como tática política.

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Rodriguez defende que essa estratégia busca diluir os votos e diminuir a força do eleitorado de esquerda, que atualmente se encontra fragmentado e com dificuldades para alcançar o segundo turno.

Contudo, o principal partido de esquerda do país enfrenta uma disputa interna entre grupos aliados ao presidente Luis Arce e ao ex-presidente Evo Morales. Nesse contexto, Rodríguez busca fortalecer a mobilização do eleitorado e impedir a disseminação de mensagens que desestimulem o voto válido, principalmente em regiões estratégicas como La Paz e Cochabamba.

Evo Morales gerou controvérsia na Bolívia ao se envolver na campanha em favor do voto nulo. O ex-presidente tem reiterado aos seus apoiadores que aquela eleição seria fraudulenta, devido à sua exclusão da disputa eleitoral.

Na quarta-feira (13), Rodríguez obteve uma vitória política. Seu projeto que determina a igualdade de gênero nas candidaturas presidenciais foi aprovado pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) e entrará em vigor a partir das eleições de 2030. A medida representa um desafio aos partidos, que deverão revisar suas estratégias e estruturas internas para assegurar a indicação de mulheres.

Casos como os de Lidia Gueiler e María Eugenia Choque representam exceções em um país com predomínio masculino. A aplicação dessa medida visa corrigir desigualdades estruturais, aumentar a representatividade e redefinir alianças e disputas futuras, fortalecendo a participação das mulheres na decisão de políticas nacionais.

Fonte por: Brasil de Fato

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