Crédito verde bilionário não alcança pequenos produtores da Amazônia

Ribeirinhos e extrativistas enfrentam burocracia e problemas fundiários na busca por financiamento, apesar de bilionária produção.

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(Imagem de reprodução da internet).

Financiamento Sustentável na Amazônia: Desafios e Oportunidades

O dinheiro que impulsiona o desenvolvimento sustentável na Amazônia ainda está distante de alcançar as comunidades locais. Apesar de bilionárias cifras em crédito verde circularem nas estatísticas, ribeirinhos, extrativistas e pequenos agricultores continuam à margem, buscando acessar recursos que poderiam transformar suas vidas. O Brasil tem avançado na criação de mecanismos de financiamento sustentável, impulsionados por iniciativas como o Sistema Nacional de Fomento (SNF) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Estudos recentes, em parceria entre a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), revelam um crescimento significativo no volume de crédito verde, atingindo R$ 603 bilhões em 2023. Esse avanço é acompanhado por um alinhamento das operações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, buscando ampliar o impacto e direcionar recursos para diversos setores, incluindo a agropecuária e a infraestrutura. Cristiano Prado, do PNUD, enfatiza a importância de uma abordagem inclusiva, reconhecendo a dinâmica local e a necessidade de conectar quem oferece crédito com quem demanda.

Exemplos concretos, como a história da família Bento e da produção de café robusta em Rondônia, ilustram o impacto positivo do financiamento sustentável. Com um investimento de R$ 100 mil através do Pronaf, a família conseguiu adquirir equipamentos essenciais, transformando sua produção de café em um negócio lucrativo, com um faturamento anual de R$ 600 mil e a possibilidade de participar de feiras e exportações. No entanto, apesar desses avanços, barreiras como exigências burocráticas e falta de regularização fundiária ainda dificultam o acesso do crédito para a maioria das comunidades amazônicas.

A solução reside na criação de estruturas intermediárias, como hubs financeiros locais, que integrem bancos, agentes de crédito e associações comunitárias. Além disso, iniciativas que combinam crédito com capacitação e assistência técnica são fundamentais para garantir que o financiamento se traduza em desenvolvimento sustentável. A inclusão de quem protege a floresta, muitas vezes marginalizado, é crucial para reverter essa lógica e promover um futuro mais justo e sustentável na Amazônia.

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