Um estudo da Serasa Experian, com 550 empresas, revelou que aproximadamente um terço das organizações que aderiram ao programa Crédito do Trabalhador enfrentaram problemas de inadimplência desde março. A iniciativa foi lançada com o objetivo de simplificar o acesso ao crédito para diversas categorias, incluindo domésticos, rurais, de aplicativos e Microempreendedores Individuais (MEI).
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O levantamento aponta que 46% das empresas ainda não compreendem totalmente o funcionamento da nova modalidade, enquanto 25,8% afirmam ter um conhecimento profundo. As empresas de médio porte apresentaram maior incidência de dificuldades, seguidas pelas pequenas e grandes empresas.
A inadimplência se concentrou nas regiões Nordeste (42,1%) e Sudeste (33,3%), com destaque para os setores indústria (38,6%) e varejo (48%).
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Principais Causas da Inadimplência
Segundo as empresas, a maior parte dos problemas está relacionada a falhas operacionais ou sistêmicas, representando 65% dos casos de inadimplência. As principais causas identificadas incluem atrasos na comunicação entre o RH e as instituições financeiras (30%), falhas na integração com o eSocial/Dataprev (22%) e dificuldades no desconto em folha (13%).
Outros 33% dos casos se devem a dificuldades de pagamento por parte dos trabalhadores.
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Novas Rotinas Operacionais para o RH
Antes do lançamento do programa, o consignado privado dependia de convênios diretos entre empresas e bancos, com o empregador definindo as regras. Com o novo modelo, os bancos aderem ao sistema, e o trabalhador solicita o crédito pela Carteira de Trabalho Digital.
A empresa é notificada para fazer o desconto, limitado a 35% do salário.
Para que o fluxo funcione, as empresas precisam alimentar o Emprega Brasil com informações necessárias para a escrituração no eSocial, que é acessada via Dataprev pelas instituições financeiras.
O RH passa a ter um conjunto de obrigações significativas, com muitas rotinas operacionais. Os gestores precisam conhecer profundamente a folha de pagamento, saber o dia de corte, buscar a conciliação e pagar as guias do consignado.
Juros e Adaptação do Mercado
A complexidade operacional e a ampliação do acesso ao crédito explicam o aumento dos juros nesta fase inicial. Em março, a taxa média do consignado privado era de 44% ao ano, subindo para 59% em outubro. Muitos novos tomadores tinham score baixo (400 ou inferior).
Os bancos calibraram juros maiores devido ao desconhecimento sobre perfis de empresas e empregados com os quais nunca haviam se relacionado, combinando risco mais alto, falhas operacionais e assimetria de informação. A expectativa é que, em 12 a 18 meses, o sistema funcione com mais eficiência, corrigindo as taxas.
A regularização do FGTS como garantia também deve reduzir o risco.
