Estudo em 16 países aponta que vírus causa rigidez arterial, principalmente em mulheres, gerando preocupação global.
Um estudo abrangente, envolvendo mais de 2 mil indivíduos em 16 países, incluindo o Brasil, apresentou evidências significativas sobre as consequências a longo prazo da Covid-19 no sistema cardiovascular. A pesquisa, liderada pelo consórcio Cartesian, focou na rigidez arterial, um indicador do envelhecimento vascular que pode aumentar o risco de problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca, infarto e acidente vascular cerebral. O estudo demonstrou que indivíduos infectados pelo vírus apresentaram maior rigidez nas grandes artérias em comparação com aqueles que não foram expostos ao coronavírus.
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A rigidez arterial, medida pela velocidade da onda de pulso carótida-femoral, é um indicador crucial da saúde vascular. Quanto mais lento o tempo de passagem da onda de pulso, mais elástica e saudável a artéria. Por outro lado, uma velocidade mais rápida indica envelhecimento e rigidez arterial. O estudo revelou que a infecção por Covid-19 pode acelerar esse processo de envelhecimento vascular, com efeitos mais pronunciados em mulheres, especialmente aquelas com sintomas persistentes.
A pesquisa analisou a saúde vascular de 2.390 pessoas, incluindo indivíduos infectados pelo coronavírus entre 2020 e 2022, com diferentes níveis de gravidade da doença: desde casos leves até pacientes hospitalizados em UTI. O grupo incluía tanto vacinados quanto não vacinados. A análise da velocidade da onda de pulso carótida-femoral revelou que a infecção por Covid-19 pode acelerar esse processo de envelhecimento vascular, com efeitos mais pronunciados em mulheres, especialmente aquelas com sintomas persistentes.
A boa notícia, segundo o pesquisador da Unesp, Emmanuel Ciolac, é que a rigidez arterial tende a diminuir com o tempo, conforme observado entre os participantes do estudo após um ano da infecção. Programas de reabilitação, envolvendo atividade física, podem ser eficazes na reversão desse quadro, que, em muitos casos, é reversível. A importância de uma atenção de longo prazo nos infectados pela COVID-19 foi ressaltada.
O estudo também indicou uma diferença nas consequências da infecção de Covid-19 nas artérias a depender do sexo biológico dos infectados. “O impacto foi mais acentuado em mulheres, principalmente entre aquelas que tiveram sintomas persistentes. O grau de rigidez das artérias acompanhou o grau de gravidade da Covid-19, sendo que as que passaram pela UTI tiveram um envelhecimento arterial ainda maior. Já entre os homens, não houve diferença significativa entre quem teve ou não Covid. Isso pode estar ligado ao fato de que os homens tiveram maior mortalidade, o que pode ter influenciado os resultados”, afirma Ciolac.
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A pesquisa reforça a importância de acompanhar a saúde cardiovascular de quem teve Covid-19, mesmo após a recuperação da doença. É preciso também investigar estratégias específicas para reduzir esse envelhecimento vascular precoce. Porque, embora já se saiba que hábitos saudáveis ajudam a preservar a elasticidade das artérias, ainda é necessário investigar protocolos direcionados para os efeitos da Covid-19 sobre o sistema vascular.
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