Costureiras da Marajó valorizam tradição e empreendem para impulsionar renda em região com altos IDHs.
O arquipélago do Marajó enfrenta um desafio crucial: 14 de seus 17 municípios se encontram entre os piores colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do país. Para reverter essa situação, o polo de moda do município de Soure emerge como uma iniciativa estratégica, buscando transformar a rica criatividade e cultura do território em oportunidades concretas.
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O projeto foi concebido através de um acordo de cooperação entre o Sebrae/PA, o governo do estado, prefeituras locais e parceiros como o Senar e o Senai. O objetivo principal é desenvolver a produção de moda artesanal local, utilizando as referências culturais da arte marajoara, além de fomentar a visão empreendedora entre os produtores locais.
A oportunidade de negócio surgiu com a Cúpula da Amazônia, em 2023, em Belém (PA). O governador do Pará, Helder Barbalho, utilizando uma camisa com bordados marajoaras, chamou a atenção para a beleza da peça, gerando um grande impacto nas redes sociais. Essa viralização impulsionou a necessidade de criar um polo de moda para atender à demanda.
O polo de moda de Soure tem como foco a estruturação e o fortalecimento das costureiras e costureiros, oferecendo cursos de corte e costura, grafismo marajoara e empreendedorismo. Atualmente, o polo conta com mais de 70 costureiras e costureiros inscritos, trabalhando com camisas tradicionais, biojoias e quimonos. A iniciativa também inclui a entrega de 30 máquinas de costura novas e o mapeamento dos produtores locais.
A camisa marajoara tradicional é confeccionada com algodão, manga comprida e o galão, uma fita decorativa feita à parte. Rosilda Angelim, uma das costureiras mais antigas em Soure, conta que a tradição começou com as esposas dos vaqueiros, que utilizavam sacas de açúcar para produzir as camisas. Com o tempo, elas decoravam as camisas com o galão, e os fazendeiros adotaram o estilo. Dona Cruz, outra costureira tradicional, divide seu tempo entre a produção e a criação de ovos caipiras para seus visitantes.
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Rosilda Angelim, que aprendeu a costurar com sua mãe, e Gleice Santos e sua filha Iuri, que incorporam grafismos em suas peças de crochê, são exemplos de como a tradição se mantém viva e se adapta aos novos tempos. A valorização da arte marajoara, através de iniciativas como o Ateliê Arte Mangue Marajó, liderado por Cilene Andrade e Ronaldo Guedes, tem um impacto significativo na região, promovendo a retomada da cerâmica e dos grafismos, e a conexão com a história da ocupação humana no Marajó.
O polo de moda de Soure representa um esforço conjunto para transformar o potencial cultural do Marajó em oportunidades econômicas e sociais. Através da valorização da arte marajoara, da capacitação de artesãos e da promoção do empreendedorismo, o polo contribui para o desenvolvimento sustentável do arquipélago, garantindo a preservação de sua rica herança cultural para as futuras gerações.
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