Copom mantém juros em 15% e frustra investidores que esperavam afrouxamento monetário. Banco Central reforça vigilância e riscos no cenário econômico.
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou o ano com a taxa básica de juros em 15% ao ano, uma decisão que já era esperada, mas que frustrou investidores que buscavam indícios de um afrouxamento monetário. O comunicado oficial, logo após a reunião, repetiu a mensagem dos meses anteriores, reforçando a percepção de que o Banco Central ainda não considera seguro iniciar um ciclo de cortes.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A ausência de qualquer menção a janeiro, que o mercado havia previsto como o ponto de partida para uma flexibilização, deixou um recado claro: o BC não está pronto para afrouxar, mesmo com a melhora recente nas projeções de inflação e sua aproximação do centro da meta para 2027.
O comunicado manteve a ênfase nas preocupações com os riscos no balanço de riscos, nas expectativas de inflação ainda acima da meta e na necessidade de preservar a credibilidade da política monetária. O Copom reiterou que a melhora recente da inflação é bem-vinda, mas insuficiente. “A estratégia de manter os juros em nível suficientemente contracionista segue adequada”, afirmou o comitê.
O tom, similar às reuniões de setembro e novembro, causou desapontamento em parte do mercado que esperava uma inflexão.
O Banco Central revisou sua expectativa para a inflação de 2025 para 4,4% e reduziu a estimativa para o horizonte relevante de política monetária – o segundo trimestre de 2027 – para 3,2%, praticamente em linha com o centro da meta. No entanto, a instituição manteve a mensagem de que não hesitará em voltar a subir juros, caso seja necessário, reforçando a vigilância.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America, comentou que o Copom enviou um sinal que não deixa margem para interpretações otimistas de curto prazo.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, destacou que o ambiente de inflação benigno não foi suficiente para que o Copom abrisse espaço para discutir cortes imediatos. Segundo ela, essa decisão tende a dividir o mercado para a próxima reunião.
Rafaela também chama atenção para os riscos políticos e fiscais que voltaram a ganhar peso no cenário prospectivo. A discussão sobre aumento de gastos, eventuais isenções tributárias em 2026 e a expansão do crédito direcionado formam um conjunto de fatores que podem reacender pressões inflacionárias.
A impressão predominante entre analistas é que o Copom optou por comprar tempo. A ata da reunião, que será divulgada nos próximos dias, deve ajudar a calibrar melhor as expectativas. Por ora, o recado é claro: o Banco Central ainda vê riscos importantes no horizonte, se recusa a antecipar movimentos e não dará sinalizações antes da hora.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!