COP30 em Belém intensifica alerta climático com imagens devastadoras e voz de comunidades vulneráveis. A crise exige ação urgente e justiça social, com foco na educação e novas habilidades para enfrentar riscos e construir futuros sustentáveis
Imagens marcantes moldam a história da humanidade. A nuvem atômica sobre Hiroshima, em 1945, e a menina correndo pela estrada no Vietnã, em 1972, são símbolos da devastação e da brutalidade da guerra, nos forçando a enxergar o inaceitável e a agir.
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Atualmente, enfrentamos uma crise climática que produzirá imagens igualmente incontornáveis, como o desaparecimento de países, como Tuvalu, ou o aumento de enchentes, secas e ondas de calor que desfiguram territórios inteiros. Essa é uma tragédia anunciada, e a negação do conhecimento é um erro que não podemos cometer.
A Conferência das Partes (COP30), realizada em Belém, intensificou essa percepção. A presença viva de grupos vulneráveis aos extremos climáticos – povos tradicionais, comunidades ribeirinhas, populações indígenas e famílias inteiras – revelou um conhecimento valioso, força e soluções que o mundo precisa ouvir.
A Amazônia, e Belém em particular, transformaram a COP30 em um espaço de implementação, território e pedagogia da vida real. As mesas e encontros, especialmente com crianças, jovens e lideranças educacionais, enfatizaram uma verdade fundamental: a transição justa não existe sem educação.
A justiça climática exige reconhecer que a crise do clima é, antes de tudo, uma crise de desigualdade, que recai com maior peso sobre aqueles que menos contribuíram para a sua origem. O Brasil vive essa realidade de forma dramática, como evidenciado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul desde 2024, interrompendo aulas, destruindo escolas e gerando medo entre estudantes.
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Diante desse cenário, o Instituto Unibanco, em parceria com a rede estadual, ofereceu apoio técnico, metodológico e emocional para fortalecer a resposta educacional, não apenas para reconstruir prédios, mas para reconstruir vínculos, rotinas e horizontes.
Essa experiência dialoga diretamente com a agenda estratégica do Brasil, que se consolida com o novo Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em dezembro. A inclusão de uma meta dedicada à sustentabilidade socioambiental é uma inovação importante, reconhecendo que enfrentar a crise climática exige currículos robustos, formação docente e planos efetivos de prevenção, mitigação e adaptação.
Sem isso, continuaremos despreparados para lidar com riscos cada vez mais frequentes.
Além de proteger escolas, é fundamental formar pessoas para um mundo do trabalho em rápida transformação. O relatório “Empregos e Habilidades para a Nova Economia” (Systemiq e World Resources Institute) aponta que a transição ecológica tem potencial para gerar 375 milhões de empregos na próxima década, mas também alerta para o risco de aprofundar desigualdades se não houver investimento forte em competências, habilidades verdes e educação profissional.
Cerca de 1 bilhão de trabalhadores precisarão mudar de ocupação ou setor, exigindo requalificação massiva. O relatório destaca três desafios: políticas climáticas que não incluem o componente humano, sistemas educacionais desatualizados e baixo investimento em capacitação.
A demanda por habilidades “verdes” cresce duas vezes mais rápido que a oferta de trabalhadores qualificados, o que pode atrasar a transição e aumentar o aquecimento global. No Brasil, estamos abaixo da média da OCDE em formações STEAM, registramos queda de matrículas em engenharia e apenas 11% dos jovens de 15 a 19 anos estão no ensino técnico.
Sem uma estratégia forte, perderemos oportunidades de desenvolvimento. A COP30 deixou claro que não temos mais tempo para agendas desconectadas. O planeta exige velocidade, mas também justiça, construída com pessoas: estudantes, gestores, professores e comunidades que precisam estar preparados para enfrentar emergências, mas também para imaginar futuros possíveis.
A COP30 deixou um legado de espaços e iniciativas que podem impulsionar a sustentabilidade. A Museu das Amazônias, a Estação das Docas, o Porto Futuro, o Mercado de São Brás, o Ver-o-Peso, a Avenida Duque de Caxias e o Porto de Outeiro são exemplos de projetos que visam promover a cultura, o turismo e a preservação ambiental na região amazônica.
A busca por soluções inovadoras e a valorização do conhecimento local são elementos-chave para construir um futuro mais justo e sustentável.
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