COP30: Inclusão de Jovens em Planos Climáticos Acelera e Revela Dados Urgentes

Às vésperas da COP30, UNFCC revela avanço na inclusão de crianças e jovens em planos climáticos. 88% dos países incluem compromissos para este grupo etário. UNICEF destaca urgência e necessidade de acelerar implementação

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Avanço na Inclusão de Jovens em Planos Climáticos Antecipa COP30

Às vésperas da COP30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro em Belém, um levantamento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) revela um progresso na incorporação de crianças e jovens nos planos nacionais de combate à crise climática. Entre os 64 países que apresentaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), 56 nações – o que representa 88% – incluem compromissos específicos direcionados a este grupo etário. Este número supera a inclusão observada na rodada anterior de NDCs, onde apenas 61% dos países adotaram essa prática.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As NDCs constituem a base para o Acordo de Paris, definindo as metas de emissão de gases de efeito estufa para cada nação. O documento divulgado recentemente indica que a maioria dos países não apenas mencionou crianças e jovens, mas também estabeleceu ações concretas. 79% priorizaram o engajamento e o empoderamento desse grupo, enquanto 77% propuseram medidas específicas para envolvê-los na implementação de políticas, abrangendo desde campanhas de conscientização até processos decisórios mais inclusivos.

“Este é um avanço significativo, considerando que as NDCs são o principal mecanismo criado pelo Acordo de Paris para alcançar o objetivo de limitar o aumento da temperatura causado pelas mudanças climáticas”, afirma Danilo Moura, especialista em Clima e Meio Ambiente do UNICEF no Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“O relatório da UNFCCC demonstra que os países estão avançando no enfrentamento das mudanças climáticas, porém, é necessário acelerar a implementação e aumentar o apoio aos países mais vulneráveis”, complementa Moura.

Crise Climática e Impactos na Infância

Os dados justificam a urgência. Segundo o UNICEF, quase 1 bilhão de crianças vivem em regiões com alto risco de eventos climáticos extremos, como secas severas, inundações, tempestades e ondas de calor. No Brasil, 40 milhões de crianças estão expostas a múltiplos riscos climáticos e ambientais simultaneamente, representando 60% desse grupo etário.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

As consequências já se refletem nas estatísticas educacionais. Em 2024, aproximadamente 250 milhões de estudantes em 85 países tiveram as aulas interrompidas devido a crises climáticas. No Brasil, pelo menos 1,17 milhão de meninas e meninos foram impedidos de frequentar a escola devido a enchentes e secas.

Adicionalmente, as crianças brasileiras enfrentam, atualmente, o dobro de dias com exposição a condições climáticas extremas em comparação com o que seus avós experimentaram na mesma idade.

“Crianças e adolescentes possuem vulnerabilidades e necessidades específicas relacionadas ao clima. No entanto, ainda são frequentemente marginalizados nas decisões que moldam o futuro do planeta”, ressalta Moura.

Vozes da Juventude Brasileira e o Futuro Sustentável

Para ampliar a participação jovem na busca por soluções, a Secretaria Nacional de Juventude realizou, ao longo de 2025, com apoio do UNICEF, seis encontros regionais reunindo adolescentes e jovens dos diferentes biomas brasileiros. Esses eventos geraram propostas concretas para a conferência.

Ana Luíza Barfknecht, 17 anos, representante do Cerrado, enfatiza a importância de garantir que a juventude tenha maior espaço de participação. “Que nos considerem como o futuro e reconheçam nossa capacidade de propor soluções sustentáveis e igualitárias, especialmente para as comunidades mais vulneráveis”, explica.

Já Ana Clara Barbosa, 15 anos, moradora de Serra Talhada (PE), na Caatinga, compartilha experiências diretas com as mudanças climáticas. “Na minha cidade, o calor é intenso, mas a situação é ainda pior na escola. Já tive crises de asma na sala de aula devido às condições climáticas”, relata.

Sair da versão mobile