Brasil e China unem forças em projetos inovadores para recuperar solos degradados na Amazônia e Mata Atlântica, com foco em sustentabilidade e redução do impacto ambiental
Desde 2023, Brasil e China estão implementando dois projetos conjuntos com foco na restauração de solos degradados e na criação de modelos agrícolas sustentáveis. Liderados pela Universidade de Hohai (China), em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Universidade Estadual do Pará (UEPA) e mais de dez instituições e empresas de ambos os países, os projetos visam a recuperação de terras agrícolas exauridas e a redução da pressão sobre as florestas tropicais.
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O primeiro projeto, denominado Projeto de Cooperação Internacional China-Brasil para Recuperação de Solos Degradados e Proteção da Floresta Amazônica, e o segundo, Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Mata Atlântica e Proteção Florestal, concentram-se na revitalização de terras agrícolas e na diminuição do impacto ambiental da produção agrícola.
Inicialmente, a equipe de pesquisa identificou o uso do método de “corte e queima” como uma prática comum na região. Essa técnica, que envolve a derrubada e queima da vegetação durante a seca para utilizar as cinzas como adubo, causa a destruição da cobertura vegetal, libera grandes quantidades de dióxido de carbono e reduz rapidamente a fertilidade do solo, forçando o deslocamento constante para novas áreas.
Para solucionar essa questão, a equipe selecionou culturas locais, como mandioca e açaí, avaliando a possibilidade de cultivar e recuperar o solo simultaneamente.
Os resultados iniciais indicam que é possível manter a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas. A produção aumentou entre 30% e 190%, a perda de microagregados diminuiu em 90% e a perda de nutrientes foi reduzida em até 82%. Segundo Chen Lihua, da Universidade de Hohai, o cultivo contínuo pode ser sustentável, mantendo a fertilidade do solo após a primeira colheita.
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Com a comprovação dos resultados, o grupo iniciou o Projeto de Industrialização de Produtos de Recuperação de Solos na Amazônia, introduzindo tecnologias chinesas de fermentação de resíduos orgânicos e equipamentos para produzir fertilizantes específicos para solos tropicais.
O objetivo é reduzir custos e facilitar o acesso dos agricultores a insumos mais eficientes. Herdjania Veras, ex-reitora da UFRA, destaca que essa adaptação fortalece a agricultura sustentável e contribui para a conservação da floresta.
Outro componente do programa é o desenvolvimento de sistemas de irrigação solar, adequados ao clima amazônico, marcado por longos períodos de chuva e estiagem. A tecnologia, criada pela Universidade de Hohai em parceria com instituições brasileiras e empresas chinesas, garante a irrigação mesmo na seca, ampliando a produtividade e a renda das famílias.
A cooperação sino-brasileira reforça a integração entre países do Sul Global no combate às mudanças climáticas. As ações conjuntas demonstram que a inovação tecnológica e a colaboração internacional podem alinhar o aumento de renda, a recuperação de ecossistemas e a preservação ambiental. Com esses esforços, a Amazônia pode continuar exercendo sua função vital como um dos principais reservatórios de biodiversidade e regulação climática do planeta, uma meta compartilhada por brasileiros e chineses em prol da sustentabilidade global.
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