Comissão Parlamentar Investigativa do Rio Melchior retoma atividades nesta quinta-feira (14)
Deputados-federais procuram informações de entidades ligadas ao meio ambiente e à saúde para aprofundar a investigação sobre contaminação e perigos à sa…

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a grave situação ambiental do Rio Melchior retomará seus trabalhos nesta quinta-feira (14), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), com a votação de seis requerimentos que solicitam informações a órgãos públicos e ambientais.
Instalada em 3 de abril de 2025, a CPI do Rio Melchior visa investigar as causas da intensa degradação ambiental e os possíveis responsáveis pela situação crítica do rio, que percorre regiões densamente povoadas do Distrito Federal.
A iniciativa se desenvolveu em resposta a denúncias de poluição grave, risco à saúde da população e falhas no manejo ambiental da bacia do Melchior. Posteriormente, os parlamentares conduziram visitas técnicas, ouviram especialistas e requisitaram documentos a várias instituições.
A CPI retomará, nesta quinta-feira (14), a partir das 11h, a votação de seis requerimentos apresentados pela presidente da comissão, deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). Os pedidos visam à obtenção de dados e documentos cruciais para o desenvolvimento das investigações.
Incluem-se pedidos de informação à Secretaria de Meio Ambiente do DF (Requerimento nº 33/2025), à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Requerimento nº 39/2025), e ao Aterro Sanitário de Brasília (Requerimento nº 71/2025).
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A CPI também solicitou cópias de atas e estudos técnicos ao Conselho de Recursos Hídricos do DF (Requerimentos nº 70 e nº 2119/2025) e ao Comitê de Bacia Hidrográfica (Requerimento nº 2120/2025), buscando esclarecer alterações na classificação ambiental do rio e decisões recentes sobre seu uso.
Especialistas consideram o Rio Melchior um dos cursos d’água mais poluídos do Distrito Federal. Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), como José Francisco Gonçalves e Ricardo Tezini Minoti, apontaram que a concentração de mercúrio no leito do rio é alarmante, classificando-o como uma “bomba de mercúrio” com potencial de causar graves danos à saúde da população.
Em outra oitiva, o analista ambiental do Ibama Breno Bispo da Silva ressaltou a baixa vazão do rio, o que tornaria inviável a instalação da Usina Termoelétrica Brasília (UTE Brasília), proposta para a região. O especialista também alertou para a necessidade de perfuração de poços artesianos e o uso de aquíferos, principalmente durante a estiagem, o que poderia agravar ainda mais a crise hídrica local.
A CPI, desde sua criação, conduziu diversas investigações, que compreenderam visitas ao Aterro Sanitário de Brasília e às Estações de Tratamento de Esgoto de Samambaia e Melchior, além de audiências com representantes da empresa Ambientare, responsável pelo estudo de impacto ambiental da UTE Brasília, e da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa).
A comissão planeja, para o segundo semestre, visitar o Abatedouro da Seara Alimentos, unidade que pode estar relacionada com a contaminação da bacia, em data a ser definida.
Fonte por: Brasil de Fato