Cientistas alertam para críticas em roteiros climáticos e urgência de ação. Carlos Nobre aponta risco de negligência de dados científicos nas decisões para limitar aquecimento. Urgente redução de emissões em 2026, defendem especialistas
Um relatório elaborado por cientistas de renome mundial expõe críticas severas aos rascunhos de roteiros para a eliminação gradual de combustíveis fósseis e o fim do desmatamento. Carlos Nobre, climatologista à frente do Pavilhão de Ciências Planetárias da Blue Zone, resume o principal temor: a possível negligência dos alertas científicos nas decisões que visam limitar o aquecimento a 1,5ºC, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A preocupação reside no fato de que, apesar da formalização do espaço para a ciência nas negociações, há receio de que os dados científicos não sejam devidamente considerados.
Os cientistas defendem que os roteiros propostos devem ser planos de trabalho concretos, que apresentem um caminho claro de onde estamos até onde precisamos chegar. Johan Rockström, do Potsdam Institute, enfatiza que não se trata de workshops ou reuniões ministeriais, mas sim de um plano de ação real.
Piers Forster, da Universidade de Leeds, estabelece um prazo ainda mais urgente: a curva global das emissões precisa começar a cair já em 2026, com uma redução mínima de 5% ao ano.
A necessidade de financiamento de países ricos para países em desenvolvimento é considerada imprescindível. Fatima Denton, da Universidade das Nações Unidas, defende um “financiamento previsível, baseado em doações e alinhado com a justiça climática”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A credibilidade do Acordo de Paris depende dessa garantia, pois países em desenvolvimento precisam de recursos para planejar, investir e realizar as transições necessárias para a sobrevivência.
O documento científico aponta que o mundo já vive um ponto de inflexão planetário. O “orçamento de carbono”, a quantidade total de CO2 que ainda pode ser emitida para manter o aquecimento dentro de limites seguros, está essencialmente esgotado, reduzindo-se a 130 bilhões de toneladas – o equivalente a 3 ou 4 anos de emissões globais na taxa atual.
Os cientistas ressaltam que os dados científicos fornecem a base para toda política climática séria, atuando como uma ferramenta de contabilidade para nos afastar do perigo.
Outro alerta crucial é sobre as florestas tropicais, historicamente consideradas grandes absorvedoras de carbono. No entanto, elas estão perdendo essa capacidade. Os cientistas argumentam que a eliminação gradual e ordenada dos combustíveis fósseis depende da suposição de que as florestas continuarão sendo um sumidouro de CO2.
Essa premissa não se sustenta nas evidências científicas atuais, que mostram que as florestas estão cada vez mais vulneráveis às mudanças climáticas, como secas, incêndios e conversões de uso da terra.
A principal causa desse problema é a queima de combustíveis fósseis, responsável por mais de 75% das emissões globais. Carlos Nobre cobra do Brasil o papel de liderança na busca por soluções, mesmo em meio a controvérsias como a exploração da margem equatorial de petróleo na Amazônia.
Para garantir o sucesso da COP30, que acontecerá em Belém, o Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, explica como os enviados especiais da COP30 atuarão. A cidade de Belém se prepara para receber os convidados, com iniciativas como painéis sobre a cultura e a história da cidade, além de eventos exclusivos para os participantes.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!