Cientistas alertam: IA pode sabotar produtividade nas empresas

Cientistas adverte que uso excessivo de IA no dia a dia causa ruídos, retrabalho e baixa produtividade nas empresas.

10/10/2025 5:05

3 min de leitura

Cientistas alertam: IA pode sabotar produtividade nas empresas
(Imagem de reprodução da internet).

Workslop: A Superficialidade da IA no Ambiente Corporativo

A crescente adoção de inteligência artificial (IA) nas empresas tem revelado um problema emergente: o “workslop”. Este fenômeno, definido por pesquisadores da Universidade de Stanford, consiste em conteúdo gerado por IA que se apresenta como um trabalho bem feito, mas carece da substância necessária para impulsionar efetivamente uma tarefa. O conceito, cunhado recentemente, descreve a tendência de utilizar ferramentas de IA para produzir materiais superficiais, que, em vez de auxiliar, geram retrabalho e ineficiência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Impacto do Workslop na Produtividade

Um artigo publicado na Harvard Business Review alerta que, impulsionados pela pressão de demonstrar o retorno rápido de investimentos em IA, gestores incentivam os funcionários a recorrer à tecnologia para tarefas que poderiam ser resolvidas de forma mais eficaz sem ela. O resultado é o aumento exponencial do workslop, com conteúdos superficiais e mal direcionados que, apesar de parecerem produtivos, apenas amplificam o retrabalho dos colegas destinatários. A pesquisa de equipes de Stanford e BetterUp Labs revelou que 41% dos trabalhadores já se depararam com esse tipo de produção “maquiada” por IA, gerando quase duas horas de retrabalho por instância e causando problemas de produtividade, confiança e colaboração subsequentes.

Análise do Fenômeno e Depoimentos

A prática do workslop não é nova no jargão corporativo, com exemplos de memorandos cheios de palavras de efeito como “empoderamento” e “disrupção”, ou relatórios inundados de bullet points que, no fundo, não dizem nada. A tendência da IA generativa de reproduzir o que aparece com frequência na literatura empresarial contribui para a disseminação de e-mails genéricos criados por IA ou pedidos de fornecedor nessa linha. No entanto, a situação muda quando a mensagem vem de um colega ou chefe. Destinatários dessas mensagens “vazias” deram diferentes depoimentos: um chefe de departamento se dividiu entre refazer o projeto de um subordinado ou enviá-lo de volta para revisões, enquanto outros gastaram grande parte do seu tempo se preocupando em justificar um trabalho abaixo da média.

Recomendações para Mitigar o Problema

Após pesquisar empregados de 1,15 mil empresas, 40% dos entrevistados afirmaram ter recebido uma amostra de workslop de algum colega no último mês. O pior é que o fenômeno não se espalha apenas entre pares; gerentes também enviam esses relatórios vazios em todas as direções. Para lidar com essa situação, a pesquisa sugere configurar proteções e treinar funcionários. O primeiro passo é definir quando a IA é ou não apropriada, uma espécie de “alfabetização” na qual funcionários são orientados a tratar a produção da inteligência artificial como a de um estagiário não treinado. Além disso, é crucial ser específico sobre quando a IA é apropriada, e os líderes organizacionais devem evitar defender a IA em todos os lugares o tempo todo, pois isso modela uma falta de discernimento em como aplicar a tecnologia. A ideia é usar a IA para polir o trabalho, não criá-lo.

Custos e Consequências do Workslop

Os pesquisadores também recomendam investir em comunicação clara. Eles sugerem que, antes de usar um modelo de linguagem grande, os funcionários dominem a comunicação interpessoal. A disseminação do workslop não só atrasa processos, mas destrói a confiança da equipe, com colegas perdendo o respeito uns pelos outros. Além disso, cada ocorrência de workslop gera um custo real para as empresas de US$ 186 mensais, segundo cálculo dos autores, a partir do salário médio dos entrevistados. Em uma organização com 10 mil funcionários, isso equivale a uma perda anual de US$ 9 milhões (aproximadamente R$ 48 milhões).

Leia também:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Autor(a):