Cientista político adverte que a situação persiste, e defende que Tarcísio herda o legado de Bolsonaro
Paulo Roberto de Souza identifica ameaça de novas tentativas de ataque à democracia em 2026 e critica atuação do governador de SP.

O cientista político Paulo Roberto de Souza considera que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados na trama de 8 de janeiro não elimina os perigos à democracia brasileira. Para ele, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) representa um novo período de conflitos políticos com impactos diretos nas eleições de 2026.
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A tentativa de golpe contra a democracia brasileira ainda não terminou. Essa parte da história permanece aberta, conforme afirma Souza em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, nesta sexta-feira (12). Ele ressalta que a extrema direita continua organizada, inclusive em articulação internacional.
Ontem, Eduardo Bolsonaro (deputado federal do PL, filho do ex-presidente) chegou a solicitar que o presidente Trump invadisse o Brasil, que atacasse brutalmente o país. Foi isso que ele pediu, recorda-se. Após o julgamento, nesta quinta-feira (11), Eduardo declarou à Reuters que espera que os Estados Unidos aumentem as sanções contra o Brasil e que todos os ministros do STF que votaram pela condenação sejam alvo da Lei Magnitsky, já aplicada contra Alexandre de Moraes, relator do caso.
Após julgar o esquema de corrupção, o STF sentenciou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado. Outros réus de alto escalão das Forças Armadas e ex-membros do governo, incluindo o general Walter Braga Netto (26 anos de prisão) e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira (19 anos), também receberam penas elevadas. Já Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, teve a pena reduzida para 2 anos em regime aberto devido à delação premiada.
Tarcísio é o foco do conflito.
Segundo o cientista político, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem seguido a linha do bolsonarismo. Ele se manifestou contra o discurso proferido no evento de 7 de setembro, na Avenida Paulista, na capital do estado, ao lado do pastor evangélico Silas Malafaia, um dos principais apoiadores de Bolsonaro.
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A fala de Tarcísio foi tão equivocada que provocou reação dos principais veículos de comunicação brasileiros contra ele, destaca-se. Para Souza, o movimento não deixa em aberto o projeto do governador. “Quem apoia Tarcísio a partir de agora está apoiando uma nova chance de um possível presidente golpista. É isso que está colocado, porque o que ele fez na Paulista foi um indicativo de que o golpe persiste”.
Voto de Fux agrava a instabilidade política.
Souza também critica o voto do ministro do STF Luiz Fux, que se diferenciou dos demais e votou pela anulação do processo envolvendo Bolsonaro. Ele considera que o magistrado agiu “muito mais como defensor” e encarou o caso como um “grande equívoco”.
Ele considera que a postura do ministro se alinha a outras tentativas de macular o Poder Judiciário. “Há uma necessidade de situar esse voto, essa manifestação do Fux, em seu devido lugar, como aquele que colocou interesses particulares à frente de sua atuação como juiz de uma Suprema Corte de um país tão importante como o Brasil”, afirma.
Para audir e visualizar.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato