Alerta no setor de carne bovina brasileiro com possíveis restrições da China. Volume de exportações pode cair após alta das importações
O setor de carne bovina brasileiro enfrenta um momento de apreensão devido a possíveis medidas de salvaguarda anunciadas pela China. A expectativa é que o país asiático, nos próximos dias, implemente restrições à importação de carne brasileira, impactando diretamente um dos seus principais fornecedores globais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A principal preocupação reside na possibilidade de imposição de cotas de importação, o que poderia afetar significativamente o volume de exportações do Brasil.
Entre janeiro e novembro de 2025, o setor registrou uma receita de US$ 16,18 bilhões. Deste total, 1,52 milhões de toneladas foram destinadas à China, representando 48,3% do volume total embarcado e 49,9% da receita do setor no acumulado do ano. A forte dependência do mercado chinês tem gerado grande instabilidade no setor.
Analistas como Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, alertam que o redirecionamento de 500 mil toneladas adicionais para outros mercados seria extremamente desafiador. A indústria brasileira acompanha o cenário com preocupação, em função do impacto potencial sobre a pecuária de corte.
Para mitigar os efeitos das importações, o governo brasileiro e a indústria estão avaliando diferentes estratégias. Há quem defenda o uso da chamada lei da reciprocidade, buscando adotar medidas sobre produtos chineses, como veículos elétricos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A indústria chinesa de carne bovina enfrenta forte pressão desde 2023, atribuída principalmente ao aumento das importações, não apenas do Brasil, mas também da Argentina, Uruguai e Austrália. Criadores de gado, associações setoriais e especialistas apontam que a presença crescente da carne estrangeira no mercado doméstico tem comprimido as margens de lucro, gerado prejuízos generalizados e ameaçado a sustentabilidade da cadeia produtiva local.
Representantes do setor defendem a adoção imediata de medidas de salvaguarda até o fim de 2025, para estabilizar o mercado e proteger a renda dos produtores locais. Segundo Liu Qiangde, vice-secretário-geral da Associação Chinesa de Agricultura Animal (CAAA), o setor de acumula perdas desde 2023, na maioria em função ao crescimento das importações.
Muitos criadores foram forçados a abater vacas reprodutoras para reduzir custos. “Muitos criadores foram forçados a abater vacas reprodutoras para reduzir custos”, disse Liu em entrevista ao jornal.
Criadores relatam que, com o avanço da carne importada, os preços dos bezerros caíram, reduzindo drasticamente a rentabilidade da criação de matrizes. Um produtor da região de Tacheng, em Xinjiang, em 2025, afirmou ao jornal que, após uma breve recuperação no início de 2025, os preços voltaram a cair rapidamente, com bezerras vendidas entre 3.000 e 4.000 yuans (cerca de R$ 3 mil a R$ 4 mil).
O antes do inverno agravou ainda mais o quadro, levando muitos pecuaristas a tentar vender os animais sem sucesso, em razão dos preços baixos. “Alguns perderam a confiança no mercado, deixaram de repor o rebanho e aceleraram a redução do plantel”, disse o produtor, defendendo a adoção urgente de medidas de proteção.
Nos últimos anos, as importações chinesas de carne bovina cresceram de forma expressiva, com alta acumulada de 73,2% entre 2019 e 2024. Nesse período, os preços da carne importada chegaram a ficar mais de 50% abaixo dos praticados no mercado interno, diz a CAAA.
Segundo a entidade, o número de vacas reprodutoras no país caiu 3% em 2024.
Já as empresas de abate domésticas relataram prejuízos de 500 a 1.000 yuans (aproximadamente R$ 400 a R$ 800) por cabeça abatida.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!