Brasil Lidera Casos de Chikungunya nas Américas
O Brasil detém a maior parte dos casos confirmados de chikungunya no ano nas Américas, representando quase 96% do total, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O país também contabiliza aproximadamente 72% das mortes causadas pela doença em escala global.
Dados de Casos e Mortes
Entre 1º de janeiro e 20 de setembro, o Brasil registrou 96.159 casos confirmados e 111 mortes. A região das Américas reportou um total de 228.591 casos suspeitos, incluindo 100.329 casos confirmados e 115 mortes.
Panorama Global
Em nível global, foram registrados 445.271 casos, abrangendo tanto casos autóctones, adquiridos no local de residência, quanto casos importados, originados após viagens. A OMS relaciona o aumento da incidência principalmente à expansão dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, impulsionada pela urbanização desordenada, falta de saneamento, falhas em programas de controle de vetores e os impactos das mudanças climáticas. A crescente mobilidade humana e o comércio internacional também contribuem para a disseminação da doença.
Distribuição Heterogênea dos Casos
A Organização Mundial da Saúde destaca que a distribuição dos casos é heterogênea. Algumas regiões apresentam números menores em comparação com 2024, como nas Filipinas, onde houve uma redução de 78%. Por outro lado, outras localidades registram aumentos acentuados, como a Indonésia, que apresentou uma alta de cerca de 158%.
Ressurgimento da Doença em Áreas Específicas
A distribuição irregular, segundo a agência, indica um ressurgimento da doença em áreas geográficas específicas, e não uma tendência de aumento global. Um caso notável é a província chinesa de Guangdong, que reportou 16.452 casos autóctones até 27 de setembro, representando o maior surto documentado na China até o momento.
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Fatores de Risco e Recomendações
O risco é maior em locais com condições ambientais favoráveis à reprodução dos mosquitos transmissores, falhas na vigilância e diagnóstico, além de maior movimentação de pessoas. A OMS recomenda reforçar a vigilância epidemiológica, intensificar o monitoramento e o controle de vetores, e aprimorar a preparação em saúde pública.
Sintomas e Cuidados
O vírus chikungunya é transmitido pela picada de fêmeas do gênero Aedes infectadas. A doença é caracterizada por febre de início abrupto, frequentemente acompanhada por manchas vermelhas na pele e dor severa e debilitante nas articulações, que pode persistir por semanas, meses ou até anos. Pacientes nos extremos de idade, como recém-nascidos e idosos, e aqueles com condições médicas subjacentes, como diabetes e doenças cardiovasculares, estão em maior risco de desenvolver doença grave e requerem hospitalização.
Tratamento e Vacinação
Não existe um tratamento antiviral específico para a doença, sendo utilizados medicamentos para alívio da dor e da febre. Em abril deste ano, o Brasil aprovou a primeira vacina contra a doença, desenvolvida pela farmacêutica austríaca Valneva e fabricada na Alemanha. O imunizante contém microrganismos vivos enfraquecidos que estimulam o sistema imunológico sem causar a doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que estudos clínicos em adultos e adolescentes demonstraram a eficácia do imunizante na indução de anticorpos neutralizantes contra o vírus.