Cães entendem muito mais do que pensamos! Estudos revelam que cães reconhecem palavras e formam representações mentais. Pesquisas na Universidade Eötvös Loránd mostram que eles lembram ações por até uma hora
A pesquisa científica está começando a confirmar o que muitos tutores já suspeitam: nossos cães entendem muito mais do que pensamos. Estudos recentes revelam que eles não apenas reconhecem palavras, mas também formam representações mentais dos objetos a que elas se referem.
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Através de técnicas como ressonância magnética, EEG e testes comportamentais, cientistas investigam como os cães lembram, interpretam e se conectam com humanos.
Um estudo realizado na Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, no início deste ano, demonstrou que os cães conseguem lembrar ações que realizaram por conta própria e repeti-las após um período de tempo, até uma hora depois, se alguém pedir.
Isso indica um tipo de memória episódica, mais similar à humana do que se acreditava. Uma revelação que pode ajudar a entender por que às vezes esquecemos onde deixamos o brinquedo favorito.
Pesquisadores testaram se os cães compreendiam o significado das palavras. Ao dizer palavras conhecidas, como “bola”, enquanto mostravam objetos que combinavam ou não com o termo, a atividade cerebral dos cães indicou surpresa quando a imagem não correspondia à palavra, sinalizando uma compreensão semântica.
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Isso sugere que eles não apenas reconhecem palavras, mas também interpretam o seu significado.
Os cães também demonstram um senso de faro para “gente boa”. Em um estudo com interações sociais encenadas, os animais preferiram pessoas que ajudavam outras, mesmo sem receber nada em troca. Um simples gesto, como entregar um objeto, já era suficiente para o cão escolher um “lado”.
Essa escolha mostra como os cães avaliam o comportamento humano de forma rápida, indicando uma compreensão das intenções e emoções humanas.
Apesar dos avanços na pesquisa, a interpretação da compreensão canina nem sempre é precisa. Um estudo trocou reações reais de um cachorro por outras em vídeo e descobriu que os participantes continuavam atribuindo emoções com base no contexto, não no que o animal realmente expressava.
Isso sugere que podemos estar entendendo tudo errado.
Pesquisadores desenvolveram um índice de inteligência canina, baseado em sete tarefas aplicadas a mais de 100 cães domésticos. Os resultados mostraram grandes diferenças entre os animais, e que essas capacidades mudam ao longo da vida. Assim como em humanos, a inteligência canina não é estática.
Um estudo com filhotes indicou que cerca de 40% das variações em habilidades sociais, como seguir o dedo do tutor ou manter contato visual, são hereditárias. Esses achados ajudam a explicar por que alguns cães parecem “gênios” desde cedo — e por que outros demoram mais para entender comandos.
O jeito como um filhote é criado faz diferença. Estudos com cães de assistência compararam dois grupos: um cresceu em lares com famílias; o outro em um campus universitário, cercado de estímulos e interação. O resultado? Nenhuma diferença nas habilidades cognitivas.
O que importou, de fato, foi o tempo certo para ensinar cada coisa.
Habilidades como atenção a gestos surgem por volta da oitava semana de vida. Já o autocontrole — útil para ensinar a esperar e fazer as necessidades no lugar certo — começa a aparecer entre a 12ª e a 14ª semana.
Jogar um jogo simples, como mostrar comida em uma caixa e depois trancá-la, estimula o filhote a olhar para o tutor em busca de ajuda. Aqueles que jogaram o jogo repetidamente fizeram o dobro de contato visual nas semanas seguintes.
Durante anos, estudos sobre cognição canina se concentraram na visão. Mas o olfato sempre foi o ponto forte dos cães. Alexandra Horowitz criou uma versão olfativa do teste do espelho — método usado para detectar autoconsciência — e mostrou que os cães reconhecem o próprio cheiro alterado.
Ela também analisou comportamentos corriqueitos, como o sacudir o corpo após uma interação. O gesto, segundo os dados, costuma sinalizar uma transição.
Outro sinal pouco entendido, o inclinar da cabeça, parece ocorrer quando os cães tentam processar informações significativas, como nomes de brinquedos.
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