Estudo da FGV projeta gastos tributários do Brasil em 7,1% do PIB em 2026, com destaque para atuação dos estados. Análise detalhada liderada por Manoel Pires.
Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) prevê que os gastos tributários do Brasil atingirão 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026. Essa projeção demonstra um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Os estados brasileiros serão responsáveis por 2,5 pontos percentuais deste índice, o maior registrado na série histórica, que se iniciou em 2002.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Esses gastos tributários representam renúncias de receita, incluindo isenções, deduções ou reduções de impostos, que funcionam como benefícios fiscais concedidos a setores, empresas ou grupos específicos, permitindo que a União e os estados arrecadem menos como estratégia para uma política econômica específica.
Os gastos tributários são, na prática, o valor que o governo deixa de arrecadar devido a benefícios fiscais. Esses incentivos podem ser úteis para setores estratégicos, para o desenvolvimento regional e para a criação de novos empregos. No entanto, uma dose inadequada de renúncias fiscais pode levar à baixa eficiência econômica e à distorção do mercado, além de diminuir a arrecadação pública.
A principal desvantagem é a ineficiência, pois geram distorções de preços relativos que podem resultar em um equilíbrio de mercado menos eficiente. Outra fonte de ineficiência é a associação dessa política a grupos de pressão em vez de uma necessidade efetiva.
A pesquisa, liderada pelo economista Manoel Pires, coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento da FGV/Ibre, e por Giosvaldo Teixeira Jr., graduando em economia pela UnB, apresenta um panorama detalhado da situação. O levantamento, disponibilizado em formato PDF (745 kB), oferece informações valiosas sobre as tendências dos gastos tributários.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A análise considera fatores como a metodologia de cálculo, o impacto das notas fiscais eletrônicas e a evolução da arrecadação.
Em 2026, os estados brasileiros responderão por 35% do total dos gastos tributários, o maior percentual desde 2005, quando atingiu 37%. O Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que estão em Regime de Recuperação Fiscal (RRF), possuem restrições a novas concessões de benefícios fiscais.
São Paulo, o maior contribuinte, terá um aumento de 19,7% em relação a 2025, com R$ 85,6 bilhões. O governo de São Paulo anunciou, em 2023, a criação de um grupo para avaliar os efeitos das renúncias fiscais e cortar benefícios ineficazes. O Espírito Santo apresentará o maior crescimento dos gastos tributários, com um aumento de 313,1% entre 2025 e 2026.
Manoel Pires destaca que o crescimento dos gastos tributários se deve a renúncias fiscais, melhorias nas metodologias de cálculo e o aumento das notas fiscais eletrônicas. Ele enfatiza a importância de uma gestão eficiente, com a criação de indicadores e prazos para acompanhar os resultados dos incentivos fiscais.
Paolo de Renzio, especialista em finanças públicas, defende a criação de uma reforma da governança dos gastos tributários no Brasil, propondo a eliminação da periodicidade indeterminada para a duração da política de incentivo e a definição de um teto anual do valor destinado pelos entes para as renúncias fiscais.
A Coreia do Sul é citada como exemplo de país que regulamenta adequadamente as renúncias fiscais, com um conjunto de três leis que administram os benefícios, estabelecem um teto de valores e obrigam um processo de avaliação dos resultados.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!