Idade avançada no Brasil pode mudar consumo e oportunidades na Bolsa, aponta relatório do Santander.
A América Latina enfrenta um desafio demográfico significativo: um envelhecimento populacional acelerado que pode impactar profundamente a dinâmica de consumo e o desempenho de diversas empresas listadas na B3. Essa constatação é do Santander, em um relatório recente, que aponta que essa tendência pode gerar ganhos para alguns setores e perdas para outros.
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Aceleração do Envelhecimento na Região
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina é a região que mais envelhece no mundo. A projeção é que a proporção de pessoas com mais de 65 anos aumente de 10% para 20% da população total em um período de tempo comparável ao da transição na Europa, que levou 56 anos.
Essa rápida mudança demográfica representa um desafio para a região.
Impactos no Consumo e nos Negócios
No Brasil, o Ministério da Saúde estima que o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos em cinco anos. Esse cenário de envelhecimento, combinado com a baixa produtividade e renda média na região, aumenta o risco de que a América Latina envelheça antes de se tornar economicamente mais forte.
Setores Beneficiados e Desafiados
Analisando a tendência demográfica com países onde a transição etária é mais avançada, como China, Japão, Alemanha e Estados Unidos, o Santander identifica que pessoas com mais de 65 anos tendem a direcionar maior parte de sua renda para necessidades básicas, como saúde, alimentação e moradia, reduzindo gastos com itens de lazer.
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Empresas como Assaí e GPA (supermercados), Magazine Luiza e Mercado Livre (eletrodomésticos), além de companhias de energia e serviços públicos, podem se beneficiar desse cenário.
Por outro lado, setores dependentes do consumo discricionário, como empresas de educação (Anima, Cogna e YDUQS), vestuário (C&A, Guararapes e Lojas Renner) e bebidas alcoólicas (Ambev), podem enfrentar desafios. Companhias ligadas a alimentação fora de casa (Arcos Dorados e viagens, CVC e Latam Airlines) também podem ter dificuldades.
Empresas verticalizadas de saúde, como Hapvida, podem ter resultados mistos, dependendo da ocupação dos hospitais e da utilização dos planos de saúde.
Em termos econômicos, a América Latina enfrenta limitações em comparação com outros mercados emergentes. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita médio da região é de US$ 10.369 em 2024, acima da média dos países em desenvolvimento de US$ 6.652, mas o crescimento projetado para os próximos anos é menor, de 3,8% ao ano, contra 5% nos emergentes em geral.
O Santander aponta que o elevado nível de informalidade e a fragmentação dos sistemas de previdência e serviços públicos devem aumentar a pressão sobre as contas públicas.
Apesar dos desafios, o relatório identifica oportunidades de longo prazo em setores ligados à produtividade, tecnologia e serviços básicos. “Para que os países latino-americanos enriqueçam antes de envelhecerem, será essencial aproveitar o dividendo demográfico, investindo em capital humano, inovação e produtividade”, afirma o banco.
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