Brasil enfrenta crise financeira com 78,2 milhões de brasileiros em dívidas, aumento da ansiedade e dificuldades no planejamento financeiro. Estudo do Inter aponta para instabilidade econômica e impacto na saúde mental
Para muitos brasileiros, o final do mês deixou de ser apenas uma data no calendário e se tornou sinônimo de preocupação. Prazos vencidos, contas a pagar e parcelas a serem quitadas são a realidade de grande parte da população. Dados do estudo “Acrobacia Financeira”, apresentado pelo banco Inter, indicam que a estabilidade econômica é rara, com menos de 30% dos entrevistados afirmando ter suas finanças em ordem ou equilibradas.
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Essa situação gera um impacto significativo na saúde mental. A pesquisa revela que quanto maior o desequilíbrio nas contas, mais elevado é o nível de ansiedade, resultando em um estado de constante tensão, onde a mente continua calculando enquanto o corpo se mantém tenso e o humor oscila.
Um dos problemas reside na desconexão entre a educação financeira tradicional e a realidade das pessoas. Apesar de 91% dos brasileiros acreditarem que precisam aprender mais sobre o tema, os modelos atuais não atendem às necessidades imediatas da população.
A teoria e a prática se chocam, pois o planejamento de longo prazo é difícil de ser implementado quando a vida financeira não está estável.
O aprendizado financeiro se torna um privilégio para quem tem tempo disponível, e essa oportunidade surge apenas quando a vida está minimamente estável. A lógica de planejamento do futuro deixa de ser predominante, dando lugar a decisões binárias e imediatas: ou a pessoa reduz seus gastos ou aumenta sua renda.
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A população brasileira vive, portanto, em uma situação de “corda bamba”. Com a taxa Selic em 15% — o maior patamar da história —, o custo total das dívidas aumenta, pois as parcelas mensais se tornam mais pesadas, dificultando o pagamento em dia.
O aumento das taxas de juros encarece o crédito, tornando as dívidas de cartões de crédito e empréstimos mais caras e difíceis de quitar.
Muitos acabam pagando apenas o mínimo necessário, o que acarreta juros adicionais e aumenta o risco de uma escalada da dívida. As condições de renegociação também se tornam mais restritivas, dificultando a obtenção de taxas menores ou prazos mais longos.
Novas linhas de crédito se tornam menos acessíveis, dificultando o planejamento financeiro para quem já está endividado.
Diante dessa pressão financeira, muitos podem atrasar pagamentos, o que pode levar a uma espiral de endividamento. Em setembro de 2023, o Serasa registrou 78,2 milhões de brasileiros com pagamentos em atraso — o maior número da série histórica, com um volume total de dívidas vencidas se aproximando de R$ 500 bilhões.
Além disso, 39% dos brasileiros utilizam o cartão de crédito para parcelar despesas, enquanto 28% utilizam o pix para despesas essenciais e 31% pagam apenas o mínimo.
Nesse cenário, o crédito desempenha um papel ambíguo: ele pode ser um apoio que evita a queda, dando fôlego e prazo, mas também pode ser o “vento” que balança a travessia, gerando dívidas e ansiedade.
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