Brasil enfrenta crise com 41 casos de intoxicação por metanol: SP e PE em alerta

São Paulo lidera em notificações com 60,81%, registrando 33 casos confirmados e 57 em investigação; 6 mortes foram confirmadas no Estado e 2 em Pernambuco.

15/10/2025 22:35

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Brasil enfrenta crise com 41 casos de intoxicação por metanol: SP e PE em alerta
(Imagem de reprodução da internet).

Intoxicações por Bebida Adulterada com Metanol: Alerta e Medidas Preventivas

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (15 de outubro de 2025) um grave cenário de intoxicações por bebidas adulteradas com metanol. Até o momento, o Brasil registra 148 notificações de casos, com 41 confirmados e 107 em investigação em outros estados. Infelizmente, o número de óbitos também é preocupante, totalizando 6 em São Paulo e 2 em Pernambuco.

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Distribuição dos Casos e Óbitos

A concentração de casos é notável, com São Paulo respondendo por 60,81% das notificações, incluindo 33 casos confirmados e 57 em investigação. Outros estados também registraram casos: Paraná (4), Pernambuco (3), Rio Grande do Sul (1). A análise detalhada dos casos confirmados revela:

  • São Paulo: 57 casos
  • Pernambuco: 31 casos
  • Rio de Janeiro: 6 casos
  • Mato Grosso do Sul: 4 casos
  • Piauí: 3 casos
  • Rio Grande do Sul: 3 casos
  • Alagoas: 1 caso
  • Goiás: 1 caso
  • Paraná: 1 caso

O Que é Metanol e Seus Efeitos

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, de odor semelhante à bebida alcoólica comum. Originalmente chamado de “álcool da madeira” devido à sua obtenção da destilação de toras, hoje é produzido em escala industrial a partir do gás natural. É utilizado como matéria-prima na produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas, além de estar presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel.

A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o Conselho Federal de Química. Pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima-se que 30 ml de metanol puro possam ser letais.

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem: respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.

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Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem. Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Prevenção e Medidas de Segurança

Para evitar intoxicações, recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial. A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

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