Defesa de Bolsonaro explica violação da tornozeleira e pede prisão domiciliar. Ex-presidente atribui incidente a surto e uso de medicamentos. A defesa classifica a prisão como “profunda perplexa” e com risco à vida de Bolsonaro
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), esclarecimentos sobre a ocorrência da violação da tornozeleira eletrônica. O documento, assinado pelo advogado Celso Villardi, detalha que o ex-presidente não tinha intenção de fugir ou de desligar o equipamento.
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A defesa reiterou o pedido de prisão domiciliar humanitária para o capitão da reserva. O texto enfatiza que as medidas impostas pelo ministro já tornavam a fuga impossível. Mesmo com a vigilância contínua da residência e a impossibilidade de saída do peticionário, a casa de Bolsonaro está localizada em um condomínio, e a segurança privada impede qualquer aproximação não autorizada.
A defesa segue a linha do depoimento de Bolsonaro, atribuindo o incidente a um surto causado pelo uso de medicamentos. Segundo o documento, não há indícios de uma tentativa de fuga ou desligamento da tornozeleira. O comportamento ilógico, segundo a defesa, pode ser explicado pela confusão mental causada pela interação entre sertralina e pregabalina, medicamentos que o ex-presidente estava utilizando.
Bolsonaro relatou ter passado por um “surto”, sem intenção de fugir. A ata da audiência indica que o capitão da reserva afirmou não ter recebido ajuda e que ninguém presente na casa testemunhou a tentativa de violação da tornozeleira. O ex-presidente admitiu ter utilizado um ferro de solda para tentar violar o equipamento.
A perícia identificou marcas de calor no equipamento. Alexandre de Moraes, ministro do STF, considerou a tentativa de adulteração e o risco de fuga como justificativas para a prisão preventiva, que não implica no início do cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses, a qual foi definida em julgamento da Primeira Turma do STF.
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Após a detenção, a Polícia Federal cumpriu um mandado expedido pelo STF. A defesa já anunciou o recurso com embargos infringentes. Na sexta-feira, os advogados solicitaram que Bolsonaro cumprisse eventual pena em casa, citando o quadro de saúde “profundamente debilitado”.
A defesa classificou a prisão preventiva como “profundamente perplexa” e que pode colocar a vida do ex-presidente em risco.
A motivação, segundo a defesa, é uma vigília convocada por Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde o ex-presidente estava. O Partido Liberal (PL) classificou a prisão como “desnecessária”, citando o estado de saúde do ex-mandatário.
Michelle Bolsonaro, que estava no Ceará, afirmou que “querem calar a voz” do marido e pediu orações aos apoiadores. Flávio Bolsonaro falou em perseguição e afirmou que “querem enterrar todos os Bolsonaros vivos”. Governadores aliados prestaram solidariedade, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que disse acreditar na inocência de Bolsonaro.
No Congresso, parlamentares do PL classificaram a prisão como injusta.
Lula evitou fazer maiores comentários, mas afirmou que “tudo mundo sabe o que Bolsonaro fez”. Dois ministros de Lula comentaram a prisão nas redes, apesar da orientação para que não fizessem. Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou que a medida segue o devido processo legal e chamou Bolsonaro de “chefe da organização golpista”.
Guilherme Boulos disse tratar-se de “um marco para a história”.
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