Intoxicação por Metanol: Bahia Adota Medidas para Combater Adulteração
A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) descartou, neste domingo (5 de outubro de 2025), os dois casos suspeitos de intoxicação por metanol registrados no estado. A decisão foi anunciada pela secretária Roberta Santana durante uma reunião coordenada na sede do órgão em Salvador.
O primeiro caso, ocorrido em Feira de Santana, resultou em óbito. O laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) confirmou a ausência de metanol no organismo. O segundo caso, registrado em Salvador, envolvia uma jovem de 23 anos atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Exames clínicos e laboratoriais descartaram a presença da substância, confirmando a procedência regular da bebida consumida.
Roberta Santana lidera ações coordenadas com diversos órgãos. A secretaria montou uma sala de situação a pedido do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para integrar ações da saúde, segurança pública e do Ministério da Agricultura. A equipe trabalha em três eixos principais: monitoramento e investigação dos casos, manejo clínico dos pacientes e fiscalização efetiva da vigilância. Participaram da reunião representantes do DPT, Polícia Civil, Procon-BA, Decon, Cosems-BA, Cievs-BA, Ciatox-BA, além do Ministério da Agricultura.
O protocolo de atendimento do Estado é específico para casos suspeitos de intoxicação por metanol. Ele orienta a coleta laboratorial, o acionamento imediato do Ciatox-BA e o início precoce do tratamento com antídotos como etanol farmacêutico ou fomepizol. Em situações graves, a previsão inclui a realização de hemodiálise.
O Procon-BA intensificou operações para coibir a venda de bebidas adulteradas, em parceria com a Polícia Civil e o Ministério Público. O Ministério da Agricultura reforçou que produtores artesanais precisam de registro formal para garantir rastreabilidade e segurança.
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A Bahia recebeu, no sábado (4 de outubro), 90 ampolas de etanol farmacêutico enviadas pelo Ministério da Saúde. Cada tratamento pode demandar até 30 ampolas, ampliando a capacidade de resposta em emergências.
A secretária Roberta Santana enfatizou a preparação do Estado para agir rapidamente. “O Estado está articulando diferentes órgãos e garantindo a proteção da população”, declarou.
O que é Metanol?
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, de odor semelhante à bebida alcoólica comum. No passado, era obtido da destilação de toras, sendo chamado de “álcool da madeira”. Atualmente, é produzido em escala industrial.
O líquido é utilizado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel.
Dosagem e Efeitos
A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o Conselho Federal de Química. Pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima-se que 30 ml de metanol puro podem ser letais.
O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem: respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.
Diagnóstico e Tratamento
De acordo com a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia, o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.
Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.
O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.
Prevenção e Controle
Para evitar intoxicações, recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial. A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias.