Setor aéreo brasileiro busca reestruturação após recuperação judicial da Azul, Gol e Latam. Desafios com dolarização e alta judicialização impactam o setor
O setor aéreo brasileiro enfrenta um cenário complexo, marcado pela recuperação judicial das principais companhias após a pandemia da Covid-19. A Azul, Gol e Latam buscaram proteção judicial nos Estados Unidos, buscando reestruturar suas dívidas e adaptar suas operações.
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Essa medida implica em mudanças significativas, desde a redução da oferta de rotas até a análise de novos produtos e serviços para os passageiros. A situação é agravada por fatores externos, como a dolarização dos custos e a alta judicialização, que impactam a competitividade do setor.
Um dos principais desafios enfrentados pelas empresas aéreas brasileiras é a dolarização dos custos. A maioria dos gastos, como o arrendamento de aeronaves, é realizada em dólares, o que as torna vulneráveis às flutuações da moeda. Segundo Juliano Noman, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), essa situação é um problema, pois as companhias vendem seus bilhetes em reais, mas têm seus custos atrelados ao câmbio.
Essa dinâmica gera incerteza e dificulta o planejamento financeiro das empresas.
Além dos custos, a alta judicialização é outro fator que impacta o setor. Tiago Faierstein, presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), explica que mais de 90% das ações judiciais no mundo estão no Brasil, representando apenas 3% do tráfego aéreo.
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Essa situação gera um custo estimado em R$ 1 bilhão por ano para as empresas lidarem com os processos, conforme levantamento da Abear. O problema não reside em casos isolados de passageiros insatisfeitos, mas sim na criação de uma “indústria” judicial que sobrecarrega o sistema.
Após a conclusão dos processos de recuperação judicial da Latam e do Gol, a Azul segue reorganizando seu quadro. O tribunal dos Estados Unidos aprovou o plano da empresa em dezembro, e a expectativa é que a Azul anuncie a saída do processo no início do próximo ano.
Apesar dos desafios, o setor aéreo brasileiro busca retomar o crescimento e a expansão, com foco na qualidade dos serviços e na satisfação dos clientes. A Anac planeja lançar uma consulta pública para atualizar a norma que define obrigações das companhias e direitos dos passageiros, buscando um diálogo amplo antes da sua implementação.
Casos como o cancelamento do voo da Azul de Madri para Campinas em outubro, que afetou cerca de 300 pessoas, evidenciam os desafios enfrentados pelo setor. Apesar do ressarcimento aos passageiros, como o caso de Gustavo, que estava no voo, o apelo por melhorias permanece.
A situação também impulsionou a aprovação de novas regras para o transporte de animais, após a morte de um Golden Retriever de cinco anos. A busca por um setor mais eficiente e seguro continua sendo um objetivo central para as empresas e para os órgãos reguladores.
O setor aéreo brasileiro enfrenta um período de reestruturação e adaptação, com desafios complexos e incertezas. A superação desses obstáculos, aliada a um diálogo aberto entre as empresas, os órgãos reguladores e os consumidores, é fundamental para garantir a retomada do crescimento e a consolidação do setor como um importante motor da economia do país.
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