Atma, Trol e Glasslite: A História das Marcas de Brinquedos que Conquistaram os Anos 80

Nos anos 80, Atma, Trol e Glasslite competiam pela preferência de crianças com bonecos, pistas, trens elétricos e versões nacionais de heróis e personagens famo…

11/10/2025 8:44

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Atma, Trol e Glasslite: A História das Marcas de Brinquedos que Conquistaram os Anos 80
(Imagem de reprodução da internet).

O Legado Esquecido da Indústria de Brinquedos Brasileira

Num cenário contemporâneo dominado por grandes multinacionais e influenciadores digitais, poucas pessoas se lembram de um período em que o Brasil possuía uma indústria de brinquedos nacional vibrante, criativa e pujante. Essa era, marcada por marcas que deixaram um legado duradouro na memória de gerações de brasileiros.

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Nos anos 1980, empresas como Atma, Trol e Glasslite disputavam a atenção das crianças com produtos inovadores, desde bonecos articulados e pistas de corrida até trens elétricos e versões adaptadas de super-heróis e personagens de sucesso mundial. Essas marcas, que representavam um importante setor da economia nacional, enfrentaram desafios que, em última análise, levaram ao seu desaparecimento.

Atma: Um Ícone de Ferromodelismo

Fundada nos anos 1950 com o nome Mirim, a Atma começou produzindo trens elétricos e se tornou, por décadas, a única fabricante nacional de ferromodelismo. A empresa diversificou sua linha com bonecos da Marvel, brinquedos plásticos, utensílios domésticos infantis e bonecas, consolidando sua posição no mercado. Com um logo simpático, com um policial britânico sorridente, e o slogan “A Atma é ótima!”, a empresa empregava centenas de funcionários e distribuía seus brinquedos por todo o país.

Apesar de seu sucesso, a Atma entrou em crise a partir dos anos 1980, devido à abertura do mercado aos produtos importados, à entrada de concorrentes internacionais e a problemas financeiros internos. Um incêndio em 1994 destruiu a principal fábrica da empresa, e, sem caixa e sem conseguir se recuperar, a Atma encerrou suas atividades no mesmo ano.

Trol: Inovação e o Legado do Velotrol

A história da Trol começa em 1939, quando o alemão Ralph Rosenberg fugiu do nazismo e montou uma fábrica de botões na garagem em São Paulo. Nos anos 1960, o negócio se transformou em uma potência em plásticos e brinquedos. A ascensão se consolidou em 1967, quando o empresário Dilson Funaro assumiu o controle da companhia. Sob sua gestão, a Trol se tornou sinônimo de inovação, licenciando o Playmobil, lançando a boneca Pierina, o Lavarrôz (um escorredor de arroz de brinquedo) e firmando parcerias com personagens como Zorro e Turma da Mônica. O Velotrol virou categoria e ícone de vendas.

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O sucesso da Trol estava diretamente ligado à figura de Funaro, que deixou a gestão no fim dos anos 1980 para assumir cargos no governo federal. Sem sua liderança, a Trol não resistiu, acumulando dívidas, perdendo mercado e pedindo falência em >

1993. A Trol deixou como legado uma gama de brinquedos icônicos e uma história marcada por ousadia, mas também pela dificuldade de sobreviver a um cenário econômico instável e à própria saída de seu principal executivo.

Glasslite: Licenciamento e o Fim da Era

A Glasslite nasceu em 1968, em São Paulo, como uma fabricante de utensílios domésticos. Só no fim dos anos 1970 migrou para brinquedos — e rapidamente ganhou notoriedade ao investir pesado em licenciamento de séries e personagens de sucesso na TV. A empresa trouxe ao Brasil brinquedos de “A Super Máquina”, “Jaspion”, “Jiraiya”, “Esquadrão Classe A” e “Inspector Bugiganga”. Também trabalhou com nomes como Eliana, Gugu e Carla Perez. Chegou a abrir filiais em quatro capitais e firmou parcerias com gigantes internacionais como Kenner e Galoob.

Nos anos 1990, com a abertura do mercado e a invasão dos brinquedos chineses, a empresa entrou em crise. A primeira concordata veio ainda nos anos 1980, revertida com o sucesso da linha Rambo, que chegou a representar 40% do faturamento da empresa em 1999, segundo matéria da Folha de S.Paulo publicada em >

2000. À época, a empresa comemorava o fim de uma dívida de 6 milhões de reais e planejava crescer. Mas a recuperação durou pouco. Em 2005, a Glasslite decretou falência. Sem fôlego para competir com os importados e sem escala para bancar novos licenciamentos, a marca encerrou suas atividades.

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