Ataques Militares Americanos no Pacífico e Caribe: Questionamentos Sobre a Estratégia
Nos últimos meses, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos tem focado seus esforços em ataques a supostos barcos do narcotráfico no Oceano Pacífico, em particular na região do Pacífico Oriental, em vez do Mar do Caribe. Segundo fontes internas, essa mudança de estratégia se baseia em uma avaliação de que há evidências mais sólidas de que o transporte de cocaína para os Estados Unidos ocorre através dessas rotas ocidentais, com a Colômbia e o México sendo os principais países de origem, e não a Venezuela.
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Foco no Pacífico e Dúvidas Sobre o Caribe
Essa avaliação levantou questionamentos sobre o real propósito dos ataques. O Secretário de Defesa Pete Hegseth afirmou que os últimos quatro ataques militares americanos foram realizados no Pacífico Oriental, e que futuras operações se concentrarão nessa área devido à ligação mais forte com os mercados americanos.
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No entanto, há dúvidas sobre se todas as embarcações atingidas pelos EUA no Caribe realmente se dirigiam ou enviavam drogas para os Estados Unidos.
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Falta de Evidências e Dados
Após o primeiro ataque a um barco em setembro, o Secretário de Estado Marco Rubio afirmou que a embarcação provavelmente estava a caminho de Trinidad e Tobago. As forças americanas detiveram brevemente e depois repatriaram dois sobreviventes de um de seus ataques no início deste mês.
Oficiais militares informaram aos congressistas que os ataques tinham como alvo a cocaína, não o fentanil.
Reuniões Confidenciais e Falta de Respostas
Durante uma reunião confidencial no Capitólio, oficiais do Pentágono informaram aos congressistas que não sabem como medir o sucesso da campanha militar. “Eles não sabem se existem dados ou métricas que demonstrem que os ataques estão impedindo o fluxo de drogas, se houve um aumento no preço devido à maior demanda ou menor oferta, simplesmente não há informação”, disse uma fonte familiarizada com o encontro. “Nenhum dos participantes soube dizer o que farão quando os traficantes mudarem suas táticas.
Nenhum deles soube explicar como estão lidando com as rotas aéreas e terrestres”, acrescentou.
Questões Legais e Falta de Transparência
A deputada democrata Sara Jacobs revelou que autoridades do governo admitiram não saber exatamente a identidade das pessoas a bordo das embarcações antes de atacá-las. “Eles afirmaram que não precisam identificar os indivíduos na embarcação para realizar os ataques”, disse Jacobs, acrescentando que o governo não quis prender ou julgar sobreviventes, “porque não conseguiriam cumprir o ônus probatório”.
Em um processo judicial, o ônus probatório é a responsabilidade que cada parte tem de apresentar provas para sustentar suas alegações.
Reações e Críticas do Congresso
A deputada Jacobs disse que os participantes da reunião insistiram que a cocaína é uma “droga facilitadora do fentanil, mas não foi uma resposta satisfatória para a maioria de nós.” “Nenhum deles conseguiu dizer o que estão fazendo em relação ao fentanil”, disse a fonte familiarizada com a reunião. “O fentanil é o verdadeiro problema aqui, e eles não estão de fato abordando o fentanil em nenhuma dessas operações”.
Democratas e republicanos também querem uma explicação melhor sobre a justificativa legal para os ataques, mas advogados militares não têm participado das últimas reuniões.
Conclusão
A falta de transparência e de dados concretos sobre o impacto dos ataques levanta sérias questões sobre a eficácia da estratégia e a legitimidade das ações militares. A complexidade do problema do tráfico de drogas e a necessidade de uma abordagem mais abrangente, que envolva a colaboração internacional e o combate ao fentanil, parecem ser negligenciadas.
