Ataque israelense resulta em mortes de cinco jornalistas da Al Jazeera em cobertura de notícias em Gaza
A emissora repudiou os assassinatos e considerou o ataque como “ato premeditado contra a liberdade de imprensa”.

Ataque de Israel contra a Cidade de Gaza na noite de domingo (10) ceifou a vida de pelo menos seis jornalistas, entre eles cinco funcionários da emissora Catar Al Jazeera. Segundo a emissora, o ataque ocorreu contra uma lona que recepcionava jornalistas, situada em frente ao porto principal do Hospital al-Shifa.
Entre os feridos estão Anas al-Sharif, Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. A sexta vítima é Mohammad al-Khaldi, que era conhecido por ter criado um canal de notícias no YouTube, segundo o grupo Repórteres Sem Fronteiras.
Israel reconheceu o ataque intencional, com o principal objetivo de atingir Anas al-Sharif, sob a alegação de suposta ligação do profissional com o Hamas, o que foi desmentido pela emissora.
Antes de falecer, al-Sharif, com 28 anos, postou em seu perfil no X que Israel estava conduzindo intensos bombardeios, denominados cinturões de fogo, nas regiões leste e sul da cidade de Gaza. Em seu último vídeo, era possível ouvir explosões e observar o céu escuro iluminado por flashes laranja.
Al-Sharif, em uma mensagem final a ser divulgada em caso de morte, afirma que “viveu a dor em todos os seus detalhes” e “experimentou a dor e a perda repetidamente”.
Leia também:

Atirador mata três pessoas em restaurante de Nova York

Presidentes da UE acompanharão Zelensky em encontro com Trump na Casa Branca

Direita vence na Bolívia: Rodrigo Paz e Tuto Quiroga disputam segundo turno, com denúncia de fraude eleitoral
Apesar disso, nunca hesitei em comunicar a verdade como ela é, sem qualquer alteração ou distorção, esperando que Deus julgue os que ficaram em silêncio, os que aceitaram nossa morte e os que nos impediram de respirar.
“Nem mesmo os cadáveres de nossos filhos e mulheres chocaram seus corações ou impediram o massacre ao qual nosso povo tem sido submetido há mais de um ano e meio”, concluiu. O repórter deixa dois filhos.
A Al Jazeera Media Network condenou os assassinatos, classificando a ação como “mais um ataque flagrante e premeditado à liberdade de imprensa”.
A rede afirmou que o ataque ocorre em face das consequências catastróficas do atual ataque israelense a Gaza, que resultou no massacre implacável de civis, na fome forçada e na destruição de comunidades inteiras.
Planejar o assassinato de Anas Al Sharif, um dos jornalistas mais destemidos de Gaza, e de seus companheiros, é um esforço desesperado para abafar as vozes que denunciam a tomada e a ocupação iminentes de Gaza.
A organização também declarou que “a impunidade dos responsáveis e a ausência de responsabilização estimulam as ações de Israel e incentivam ainda mais a opressão contra testemunhas da verdade”. Por último, solicitou à comunidade internacional “medidas efetivas para interromper este genocídio em andamento e cessar os ataques deliberados a jornalistas”.
O primeiro-ministro do Catar, país-sede da emissora, manifestou forte crítica a Israel nesta segunda-feira (11) em razão da ocorrência de mortes envolvendo seus profissionais.
O ataque intencional de Israel contra jornalistas na Faixa de Gaza expõe atrocidades inauditas. Que Deus tenha misericórdia dos jornalistas Anas Al-Sharif, Mohamed Qraiqea e seus companheiros, afirmou o primeiro-ministro, xeique Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, em uma publicação na rede social X.
Desde outubro de 2023, Israel tem acusado repetidamente jornalistas palestinos em Gaza de vínculos com o Hamas, o que, segundo organizações de direitos humanos, visa desacreditar as denúncias de crimes cometidos pelos israelenses. Israel já ceifou a vida de mais de 200 profissionais da imprensa.
Fonte por: Brasil de Fato