Artista de piano brasileiro falecido durante a ditadura argentina reconhecido após 50 anos

Em 1976, o músico Francisco Tenório Cerqueira Júnior encontrava-se em Buenos Aires para uma série de apresentações com Vinicius de Moraes; foi assassina…

13/09/2025 17:37

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Artista de piano brasileiro falecido durante a ditadura argentina reconhecido após 50 anos
(Imagem de reprodução da internet).

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) comunicou, no sábado (13), que solucionou o caso de quase 50 anos da morte do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira, desaparecido em 18 de março de 1976, após deixar o Hotel Normandie, no centro de Buenos Aires.

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Em determinada oportunidade, o artista viajava com Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê pela América do Sul. De acordo com informações da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), Francisco Tenório foi assassinado com disparos e seu corpo foi sepultado sem identificação em um buraco comum na região periférica da capital.

A comissão determinou o reconhecimento através da análise de digitais humanas. Francisco Tenório faleceu na madrugada de 18 de março, após deixar o hotel, poucos dias antes do golpe de Estado que depôs María Estela Martinez Perón da presidência da Argentina e instaurou uma ditadura militar no país.

O reconhecimento ocorreu a partir de um levantamento realizado pela Procuradoria de Crimes contra a Humanidade. Ações judiciais foram iniciadas na província de Buenos Aires, entre 1975 e 1983, em razão de cadáveres encontrados em locais públicos que foram arquivados sem a identificação das vítimas. O estudo visava investigar se esses casos poderiam estar relacionados aos de pessoas mortas e desaparecidas em decorrência da violência estatal argentina.

Com base no trabalho de investigação da EAAF, e por determinação da Câmara Federal de Apelações Cíveis e Criminais da Capital Federal de Buenos Aires, confirmou-se a morte e o destino do corpo de Francisco Tenório Cerqueira Júnior, após a comparação das impressões digitais de um cadáver encontrado em um terreno baldio na região de Tigre, próximo a Buenos Aires, em 20 de março de 1976. A CEMDP informou que ainda não se sabe se será possível exumar o corpo do Cemitério de Benavídez, na capital argentina, para análise de amostras genéticas.

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A comissão informou que também tem acompanhado este caso específico e outros relacionados à Operação Condor, nome dado à aliança entre as ditaduras estabelecidas na Argentina, Bolívia, no Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, durante a década de 1970, para monitorar, sequestrar, torturar, assassinar e provocar o desaparecimento de militantes políticos que se opunham, com ou sem armas, aos regimes militares.

A CEMDP realiza a coleta de dados datiloscópicos de desaparecidos políticos brasileiros em outros países, juntamente com amostras sanguíneas de seus familiares, para envio e troca com autoridades dos locais de desaparecimento, “com o objetivo de possibilitar descobertas como a deste caso”.

A CEMDP comunicou que, após receber a notificação da EAAF, buscou e informou a família do músico, assegurando que permanece à disposição para oferecer apoio nos procedimentos e colaborar com os esforços de localização dos restos mortais do artista brasileiro, vítima da violência política de Estado na América Latina, Francisco Tenório Cerqueira Júnior.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Jovem Pan

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