Argentina: Queda no Consumo de Carne e o Futuro da Tradição

Argentina redefine hábitos: consumo de carne atinge mínimo histórico em 2024, impulsionado por tendências globais e demanda asiática

2 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Consumo de Carne na Argentina: Uma Mudança Cultural e Econômica

A Argentina, historicamente conhecida por seu consumo massivo de carne, enfrenta uma transformação significativa em seus hábitos alimentares. O país, junto com o Uruguai, registrou um mínimo histórico no consumo de carne em 2024, com apenas 47 kg por habitante.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa queda, acompanhada de uma leve recuperação em 2025 (50 kg), impulsionada pela baixa da inflação, reflete uma mudança cultural e econômica profunda. Tradicionalmente, o churrasco era uma tradição central na mesa argentina, mas agora, muitos argentinos adaptam seus gostos e hábitos alimentares.

Tendências de Consumo

Em 2024, o consumo de carne na Argentina atingiu um ponto baixo, comparado com os 99 kg consumidos no final dos anos 1950 e 75 kg em 1995, segundo o Instituto de Promoção da Carne Bovina na Argentina (IPCVA). Essa redução é notável, especialmente quando comparada com o consumo em outros países, como o México, que registra apenas 16 kg por habitante em 2024.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A mudança é impulsionada por fatores como o aumento dos preços da carne, a crescente preocupação com a saúde e o meio ambiente, e a globalização dos gostos.

Tradição e História

A relação da Argentina com a carne tem raízes antigas. No início do século XIX, o consumo de carne por habitante chegava a 170 kg anualmente, sendo consumida por todas as classes sociais, tanto ao meio-dia quanto à noite. A imigração trouxe a adição de acompanhamentos como verduras e purê, e os bovinos, que chegaram com a conquista espanhola, estavam presentes em toda a Pampa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

A chegada da salgação e da refrigeração no final do século XIX transformou a carne argentina em uma “marca” mundial, graças ao pastoreio e ao fornecimento para países beligerantes durante as guerras mundiais. A carne, segundo Felipe Pigna, “é central, faz parte da nossa história, da nossa cultura, está no tango, no folclore, é um elemento constitutivo do que é ser argentino”.

Aumento de Vegetarianos

Em 2020, uma pesquisa da União Vegana Argentina (UVA) identificava 12% de vegetarianos ou veganos no país. Há 25 anos, “encontrar outro vegetariano era um acontecimento”, lembra o presidente da UVA, Manuel Alfredo Martí. Hoje, produtos veganos são encontrados nos mercados, restaurantes vegetarianos abrem as portas em bairros nobres e surgem especializações em nutrição vegetariana nas universidades.

A redução do consumo de carne também é atribuída ao aumento do custo da carne.

Demanda Internacional

Apesar das mudanças internas, o setor da carne argentino continua forte. Em 2024, a Argentina produziu 3,1 milhões de toneladas de carne, das quais exportou quase um terço. A demanda internacional aumenta, liderada pela Ásia, particularmente pela China, que compra 70% da carne argentina exportada. “Na Ásia, estamos falando de um consumo de 3 a 5 quilos por habitante ao ano”, diz George Breitschmitt, presidente do instituto IPCVA, indicando um vasto potencial de mercado.

Apesar da mudança nos hábitos de consumo, o setor da carne argentino continua a desempenhar um papel importante na economia do país, impulsionado pela demanda internacional e pela tradição histórica da produção de carne bovina.

Sair da versão mobile