Economia argentina se fragiliza ao repetir ciclos de instabilidade política e crises cambiais do século passado. Leia no Poder360.
A Argentina tem enfrentado uma crise de longa data, marcada por instabilidade política e econômica desde meados do século XX. Essa instabilidade se manifestou através de rupturas na condução econômica, déficits fiscais crônicos e escassez de dólares, o que, por sua vez, comprometeu o cumprimento de obrigações externas devido à crise na balança de pagamentos.
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O país tem lutado para manter a estabilidade financeira, com consequências significativas para sua economia e população.
Em novembro de 2023, Javier Milei (La Libertad Avanza) foi eleito presidente da Argentina. Seu governo adotou políticas de liberalismo econômico e austeridade fiscal, buscando aproximação com os Estados Unidos. Desde sua posse, o governo enfrentou uma inflação anualizada de 160,9% e uma taxa acumulada em 12 meses de 31,8%, tentando conter a pressão sobre o peso argentino, que voltou a se desvalorizar diante da demanda por dólares causada pela instabilidade política.
O governo de Milei recebeu apoio financeiro dos Estados Unidos por meio de um swap cambial, um acordo financeiro que permite a troca de moedas com o objetivo de prover liquidez e estabilizar o câmbio. O presidente dos EUA, Donald Trump, condicionou a manutenção desse apoio a uma vitória eleitoral de Milei, o que, segundo especialistas, não parece se concretizar.
Milei enfrenta a eleição legislativa de meio de mandato em 26 de outubro de 2025, com projeções de derrota do partido governista.
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O cenário econômico da Argentina é marcado por problemas estruturais, como falta de disciplina fiscal, incapacidade de encontrar um fio condutor político-econômico e dificuldade de lidar com a balança de pagamentos. A instabilidade reforça a fuga para dólares, pressionando reservas internacionais e aumentando o risco de nova desvalorização da moeda.
O professor Allan Gallo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, define as propostas econômicas do presidente argentino em 3 eixos: ajuste fiscal; contração monetária; e reconstrução das reservas.
Em setembro de 2025, o Brasil registrou US$ 355.000 milhões em reservas internacionais, 8,8 vezes maiores que os US$ 40.374 milhões da Argentina. Essa disparidade reflete a dificuldade da Argentina em manter reservas suficientes para sustentar a moeda, honrar importações e refinanciar dívidas externas.
A falta de reservas limita a capacidade do Banco Central da República Argentina (BCRA) de intervir no câmbio e criar desvalorização da moeda.
A Argentina tem enfrentado um ciclo de instabilidade que remonta ao século XX, com mudanças frequentes de governo, crises econômicas e calotes na dívida externa. O peronismo, um movimento político que combina nacionalismo, justiça social e forte presença do Estado na economia, tem alternado no poder, mas não conseguiu solucionar os problemas estruturais do país.
A falta de um pacto social e de um consenso sobre o futuro da Argentina continua sendo um dos principais desafios para o país.
Bruno Sindona, conselheiro do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), descreve a situação da Argentina como um “caso de regressão de desenvolvimento”, em que mudanças globais, desequilíbrios internos e incapacidade de sustentar o crescimento levaram ao declínio relativo do país.
A formação de um “novo pacto social” é vista como a única saída para a Argentina, que precisa se reinventar e entender suas potencialidades e dificuldades.
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